
Em meio à repercussão negativa, o governo do prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), decidiu se mexer e garantiu uma professora domiciliar já a partir da próxima semana a Gianlucca Trevellin, 10 anos, portador da AME (Atrofia Muscular Espinhal), uma rara doença degenerativa que afeta movimentos musculares e não tem cura. A iniciativa da Prefeitura ocorreu após reportagem do RD, que denunciou a situação do aluno, sem aula passado mais de um mês após o início do ano letivo na rede municipal de ensino.
Menos de 24 horas depois da situação de Gianlucca vir à tona, o governo se mobilizou logo cedo, O pai da criança, Renato Trevellin, 46, recebeu, em sua loja por volta das 11h, a visita do secretário municipal da Pessoa com Deficiência, Jobert Minhoca (Podemos), que entrou em contato com o responsável pela Pasta da Educação, Almir Cicote (Avante). Na conversa, houve a garantia de que uma educadora já começaria as aulas domiciliares nos próximos dias.
Logo em seguida, após o encontro com Minhoca, Renato recebeu a ligação da direção da Emeief (Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental) Carlos Drummond de Andrade, onde Gianlucca está matriculado, informando que uma educadora foi escolhida. “Ficou acordado das aulas serem às segundas e sextas-feiras, às 10h. Nesta próxima segunda, a professora tem consulta médica marcada e o início fica para sexta-feira da semana que vem (17/3)”, disse o pai.

Minhoca confirmou a visita a Renato e a resolução do impasse quanto ao ensino do aluno. “Já entramos em contato com a família, liguei para o Almir Cicote. Já conversava antes com a mãe (da criança, Cátia Trevellin, 46) e, pelo que o Cicote me passou, a direção da escola já telefonou para a família e as atividades (de ensino) serão retomadas”, assegurou o secretário, que compartilhou em suas redes sociais uma foto com o pai, marcando o perfil do Paulo Serra, do RD e da página do Gianlucca.
Renato ainda foi procurado por Paulo Serra, via Direct do Instagram, embora não saiba se foi o próprio prefeito ou a equipe de assessoria de comunicação a entrar em contato. Desde quarta-feira (8/3), o chefe do Executivo foi marcado por diversos comentários de internautas repercutindo a reportagem na mesma plataforma, chegando a respondê-los na página @gianluccaguerreiro.
Em nota, a Prefeitura de Santo André informou que, a partir da próxima segunda-feira (13), o aluno passa a ter atendimento do ensino domiciliar às segundas e sextas-feiras. Em novo contato da Secretaria de Educação com os responsáveis pela criança, ficou determinado que haverá atendimento presencial também na escola, totalizando três dias de aulas semanais. Segundo a Pasta, não houve prejuízo com referência às habilidades a serem desenvolvidas de acordo com suas necessidades.
A reportagem

Nesta quarta-feira (8), o RD noticiou a situação de abandono de Gianlucca, em entrevista com os pais Renato e Cátia. A criança foi amplamente conhecida no Brasil na luta pela busca do medicamento Spinraza, produto de alto custo aprovado nos Estados Unidos, em 2016. Após muita pressão, ambos venceram a queda de braço com o governo federal, que adquiriu o fármaco, que em um tratamento anual, custava à época R$ 2 milhões.
A AME é uma doença degenerativa e interfere na produção de proteínas essenciais aos neurônios motores, responsáveis por movimentos musculares que permitem uma pessoa a andar, comer, falar, respirar e realizar outras atividades físicas. Mesmo com avanço do tratamento, que impediu a progressão da enfermidade, Gianlucca ainda depende de aulas em sua residência, o que não ocorria há mais de um mês e, até a publicação da matéria, sequer havia previsão de retomá-las.
Mesmo com as limitações motoras, Gianlucca é uma criança interativa, usando seus dedos, olhos e o balançar da cabeça para se comunicar. Ele gosta bastante de Biologia e usa computador frequentemente. Em seu armário, o aluno tem os uniformes escolares, que faz questão de vestir quando recebe uma professora e hoje não esconde a vontade de retomar as aulas. O RD seguirá acompanhando o caso até que a grade de ensino do estudante seja retomada.