
É comum as prefeituras propagandearem ações de tapa-buracos. Tentarem resolver problemas na manta asfálticas de vias e eliminar anormalidades nas faixas de rolamento. No entanto, o serviço tem recebido críticas, porque as ondulações deixadas prejudicam veículos e ainda podem gerar acidentes. A primeira impressão é de que o material de recapeamento não é de qualidade, mas o buraco, literalmente, é mais profundo.
Vinícius Maróstica Alberto, mestre em Engenharia Civil do Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano, explica que a relação com o material utilizado pode até existir. “O maior problema está no gerenciamento dos pavimentos urbanos e no dimensionamento das soluções mais corretas para cada tipo de defeito”, diz.
Em linhas gerais, a solução tapa-buraco, segundo o engenheiro, no meio técnico é vista como paliativa. Deve ser executada como quebra-galho até a execução de um serviço definitivo com a restauração do trecho do pavimento. “O que acontece, por fim, é que a solução paliativa vira definitiva e não resolve o problema”, critica.
Buraco no Camilópolis
Para resolver a questão e não deixar que o problema volte ou piore, como no caso do buraco na rua do Centro, no bairro Camilópolis, em Santo André, é preciso haver uma análise mais criteriosa do local, de acordo com o engenheiro Alberto. “Ele sempre abre, acho que já abriu no mínimo umas três vezes”, conta o barbeiro Flávio Luiz Alcântara.
O buraco da rua do Centro foi resolvido. No início da semana equipe da Prefeitura esteve no local e reparou com novo asfalto, porém quem passa pelo local observa ondulações e uma depressão em relação ao nível da faixa de rolamento.
Segundo o engenheiro, o pavimento é uma estrutura composta por camadas, que naturalmente tendemos a culpar a camada de revestimento, mas em muitos casos temos comprometimento nas camadas de base e sub-base, que exigem intervenções profundas.
Erosão em Mauá
Outro caso é na rua Antônio das Neves, em Mauá. Tem um trecho que passa sobre um córrego, na altura da avenida Itapark, que sofre com a erosão. “Há pelo menos um ano o problema só aumenta”, conta uma moradora que prefere não se identificar.
Ao longo dos meses, após demanda dos moradores, a Prefeitura foi até o local e executou alguns reparos, mas os buracos só aumentaram após os remendos se desfazerem. Naquela mesma região, na rua Manoel Moreno Torres, uma cratera se abriu e, por diversas vezes, após os consertos, voltava a abrir. Até cimento foi utilizado pelos moradores para tentar conter o avanço do problema. No ano passado, no período eleitoral, o problema foi sanado, mas a moradora acredita que não vai demorar para o buraco abrir de novo.
Uma das explicações técnicas apresentadas, de acordo com o mestre do Instituto Mauá de Tecnologia é o de que nestes casos uma campanha tapa-buraco é ineficiente para sanar o problema, pode ocasionar a recorrência e aumento dos defeitos.
A Prefeitura de Mauá foi procurada, mas até o fechamento desta matéria não se manifestou.