É baixo o número de aparelhos de ginástica e brinquedos em praças públicas adaptados para quem tem mobilidade reduzida ou possui algum tipo de deficiência. Na segunda-feira (23/01), São Bernardo inaugurou kits de aparelhos de academia e playground adaptados. São Caetano, Santo André e Diadema informaram que possuem aparelhos com acessibilidade, mas em geral o número de equipamentos é baixo se comparado com o de aparelhos para o público sem limitações.
Para a professora de Educação Física da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Maria Cláudia Vanicola, o exercício regular possibilita uma melhor qualidade de vida, mas também faltam aos espaços públicos profissionais para orientação sobre essas atividades físicas.
Para Claudia, os aparelhos de ginástica e os playgrounds, há muito, já deveriam oferecer a possibilidade de uso para portadores de deficiência. “Quando a gente debate o tema inclusão no currículo da universidade a gente volta atrás e se pergunta porque é que esses instrumentos já não foram pensados para servir a todos? Existem equipamentos que são muito versáteis e podem ser usados por todos. Tem equipamentos que têm até as instruções em Braille, o que inclui também o deficiente visual”, analisa.
Para a professora, o importante é que mais e mais pessoas se conscientizem de que o exercício é necessário e com ele se evitam doenças típicas da vida sedentária. “Está na agenda da OMS (Organização Mundial de Saúde) o combate a doenças crônicas. O que se precisa mais hoje é fazer com que a população sedentária se mexa, mas aí vem o papel do profissional de educação física”, diz a Maria Cláudia. “Para aderir ao exercício a pessoa precisa conhecer os resultados e esse é o papel do profissional, o de mostrar onde a pessoa pode chegar e também orientar sobre como fazer corretamente o exercício e motivar”, afirma.
Segundo a docente da USCS, as pessoas que começam a fazer os exercícios por conta própria podem ter problemas pela falta de orientação. Diz que pode ter uma limitação articular e não sabe e ao fazer muitas séries do mesmo exercício poderia ter problemas. O profissional pode fazer um rodízio do grupo muscular, indicar uma sequência certa de aparelhos e a quantidade ideal de movimentos para cada pessoa. A professora diz que as universidades e prefeituras podem fazer parcerias para o aproveitamento dos estudantes no contato com a população. “Essa é uma ação importante já que a tendência é de cada vez mais as pessoas buscarem áreas ao ar livre para praticarem exercícios, então a parceria uniria o útil ao agradável e melhoraria a condição de saúde da população”, sugere.
Aparelhos
São Bernardo entregou na segunda-feira (23/01) quatro kits, sendo três de playgrounds adaptados e um de academia adaptada, por meio do Programa Cidades Acessíveis do Governo do Estado. O primeiro conta com balanços individuais simples e balanços vaivém para grupo de até quatro pessoas, além de carrosséis com quatro lugares. Já a academia adaptada é composta por máquinas de abdominal, de bíceps, de puxada alta, de supino, de tríceps e de twist. Os aparelhos de playground foram instalados nos parques Chácara Silvestre, no bairro Nova Petrópolis; Parque das Bicicletas, no Centro; e Parque Raphael Lazzuri, no bairro Anchieta. Esse último ainda foi contemplado com o kit de academia adaptada.
Em dezembro, São Caetano entregou a academia adaptada e o playground acessível, no Espaço Verde Chico Mendes. Foram investidos cerca de R$ 100 mil, por meio do Programa Cidades Acessíveis, do governo do Estado. Foram instalados máquina de abdominal, máquina de bíceps, máquina de puxada alta, máquina de supino, máquina de tríceps, máquina de twist, placa orientativa pcd (academia adaptada), balanço simples cadeirante, balanço vai-vem e carrossel gira-gira com quatro lugares.
Santo André tem ao todo 174 playgrounds em parques, praças, áreas verdes, centros educacionais e escolas parques, que passam por manutenção preventiva duas vezes por ano e corretiva conforme necessário. A cidade tem também 82 academias ao ar-livre, mas apenas seis são acessíveis e estão em parques municipais (Celso Daniel, Regional da Criança, Ipiranguinha, Guaraciaba, Pedroso e Chácara Pignatari. A Prefeitura informa que não há previsão de vinda de recursos do Estado para ampliar a oferta de equipamentos com acessibilidade.
Diadema tem discutido com o Estado os trâmites para recebimento de recursos para instalação dos equipamentos do programa. Atualmente, o município conta com 27 academias ao ar livre, duas delas, neste momento, recebem aparelhos novos e que foram comprados com verbas do governo estadual. O Paço tem intenção de aumentar o número de aparelhos para PCDs. “Atualmente, a Academia ao Ar Livre do Jardim Portinari, que fica ao lado do Poliesportivo Rômulo Arantes e que foi implantada em 2021, está apta a receber pessoas com deficiência”, diz.
Mauá possui 24 playgrounds em áreas públicas, seis deles em espaços esportivos, e 13 academias ao ar livre. No momento, o município não mantém convênio com o Estado para introdução de equipamentos adaptados para deficientes ou quem tem mobilidade reduzida.
Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não responderam sobre equipamentos de ginástica e playgrounds adaptados.