
Após a morte de Jason Nunes, morador na rua Alberto Zírlis, na comunidade Titan, na vila Lutécia, em Santo André, provocada pela queda de uma árvore, no domingo (15/01), duas narrativas surgem sobre a ocorrência. Segundo a líder comunitária, Monize Farias, houve “negligenciamento” no trato do caso.
Monize explica que os moradores identificaram, faz tempo, série de árvores com problemas e acionaram os órgãos municipais responsáveis, inclusive várias foram as ordens de serviços abertas na Defesa Civil.
“Nunca tivemos retorno. Às vezes dizem que não encontraram o endereço ou que a demanda foi repassada para outro departamento, por se tratar de área de invasão. No caso da morte, negligenciaram, queremos vistoria nas outras árvores para evitar que novas mortes aconteçam”, diz a moradora.
Monize conta que os moradores são orientados a não suprimirem qualquer árvore por se tratar de crime ambiental e não são criminosos, e pelo fato de a área ser de interesse social e estar em processo de regularização fundiária.

Na comunidade Titan existem 700 casas e cerca de 3 mil mil moradores. A comunidade Titan começou a ser formada há sete anos e hoje já está consolidada. Muitas árvores naquela região estão com raízes mortas, troncos podres ou com cupins, além de copas carregadas por falta de podas.
O que diz a Prefeitura
Do outro lado, a Prefeitura de Santo André, logo após o acidente, apresentou outra narrativa sobre as causas da queda da árvore que matou Jason Nunes, na rua Alberto Zírlis. Na ocasião, alegou que a árvore estava ancorada em duas casas que eram da vítima e colocava em risco uma terceira residência. Preventivamente, a Defesa Civil interditou o terceiro imóvel.
Ainda segundo a Prefeitura, a árvore e as residências do entorno ficam em uma área particular invadida, com imóveis em situação precária. Possivelmente contribuiu para a queda o fato de que a árvore já estava morta, seca e com as raízes cortadas. A vítima tinha feito o corte do talude da construção da casa rente à árvore e cortado suas raízes, utilizando a mesma como poste.

Com a fala da líder comunitária que aponta negligenciamento, a Prefeitura foi novamente indagada. A resposta segue na íntegra:
A Prefeitura de Santo André esclarece que o manejo de arborização urbana em vias e logradouros públicos é de competência da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Urbanos, realizado pelo Departamento de Manutenção de Áreas Verdes (DMAV), e que todas as diretrizes adotadas pelo Departamento, relacionadas aos serviços de supressão, poda e substituição de árvores são legalmente fundamentadas na lei municipal nº 8.628/2004.
O DMAV recebe semanalmente, através de Processos Administrativos e canais de atendimento da Prefeitura, dezenas de solicitações de supressões de árvores por motivos diversos. É importante denotar que todas as solicitações são submetidas à vistoria técnica da equipe do DMAV. Os técnicos que fazem tal avaliação, como se é esperado e legalmente determinado, são capacitados, experientes e habilitados para a avaliação de cada caso, além de seguirem rigorosamente as legislações e normas técnicas vigentes, feita tal avaliação é definida e justificada a supressão ou a permanência do espécime.
Com a mesma seriedade são tratadas as denúncias de crime ambiental que recebemos envolvendo o manejo arbóreo no município, os técnicos atendem de imediato, identificando e encaminhando ao Semasa ou Policia Ambiental para que tomem as medidas cabíveis.
A Prefeitura de Santo André ainda esclarece que a árvore em questão foi prejudicada por ação dos próprios moradores. A mesma teve as raízes cortadas e estava morta e seca, o que provavelmente contribuiu de maneira crucial para a queda.
O Repórter Diário procurou a Secretaria de Segurança Pública para buscar mais informações sobre a investigação do caso da morte do morador, mas até o fechamento desta reportagem não obteve resposta.