Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Porém, o debate sobre o assunto ainda é um tabu. Davi Rodriguez Ruivo Fernandes, conselheiro estadual do Conselho Regional de Psicologia de SP (CRP-SP) e coordenador do CRP ABC, analisa que é preciso ir além das terapias para entender o que motiva o estresse e outros sentimentos.
Em entrevista ao RDtv, o psicólogo diz que a saúde mental não se pode ficar restrita a um único mês .”Temos janeiro como uma grande segunda-feira em nossas vidas, mas não podemos falar sobre saúde mental apenas em um mês, porque as pessoas sofrem o ano inteiro”, assegura.
O psicólogo defende a culturalização da saúde mental. De acordo com Fernandes, ainda temos uma sociedade que olha muito mais para o tratamento do que para as causas da doença. Muitas vezes as causas não são orgânicas, mas sociais, e para isso é importante olhar para o contexto em que a pessoa está inserida: emprego, relação familiar, acesso a recursos como lazer, cultura, segurança etc. “Seria muito superficial definir o mal do século, sem analisar cada caso individualmente”, explica.

No ambiente corporativo
Para Davi Ruivo, existem três três grupos de relações humanas: família, escola e profissional. “Passamos a maior parte das nossas vidas no trabalho, ou para o trabalho. Não é à toa que um dos grandes medos das pessoas é ficarem desempregadas, porque além de perder a estabilidade financeira perdem um status social”, diz.
É preciso entender que o ambiente de trabalho também pode ser um meio de fomento ao sofrimento e adoecimento mental. “O adoecimento físico é visto como plausível no ambiente corporativo, mas o adoecimento mental ainda é visto com certo preconceito”, revela Fernandes ao citar que, atualmente, o mercado corporativo passa por um processo de hiperprodutividade e, em alguns casos, as cobranças geram estresse ou síndrome de Burnout.
Ruivo explica que são coisas diferentes que precisam ser diferenciadas. Fernandes explica que o estresse é um mecanismo do corpo em reação a uma situação de desgaste. Já a Síndrome de Burnout também é uma doença e precisa de tratamento. “As empresas e corporações têm o papel de trazer essa conscientização, além de serem responsáveis pela saúde mental do colaborador, explica o coordenador do CRP ABC.