
Os moradores de um terreno particular situado na divisa de São Bernardo e Diadema, região conhecida como Sítio Joaninha, estão com medo de terem suas casas derrubadas às vésperas do Natal. Cumprindo uma decisão judicial, agentes da Guarda Civil de São Bernardo e fiscais estiveram na terça-feira (20/12) no local acompanhando a ação de operários e usaram máquinas para derrubar seis casas que não estavam ocupadas. As casas onde havia moradores não foram alvo da operação porém, como os agentes públicos disseram que poderiam voltar, a comunidade está apreensiva.
“Chegaram aqui na terça-feira falando de ordem judicial e os terrenos que estavam com barracos vazios ou casas construídas, mas sem moradores eles entraram e derrubaram tudo. Ao todo foram seis casas e só não derrubaram mais porque a máquina que eles trouxeram era muito grande e não conseguia subir o terreno. Nessas casas não tinha ninguém morando, mas ficamos apavorados porque eles disseram que vão voltar”, disse Maria de Lurdes Vieira de Carvalho, presidente da associação de moradores.
Cerca de 20 agentes da GCM de São Bernardo acompanharam os operários no trabalho de remoção das casas não habitadas. Não houve confronto com os moradores. “Eles disseram que só iam derrubar as casas vazias e que não precisava de enfrentamento, então eu conversei com o pessoal e não teve briga, mas mesmo assim teve muita revolta”, diz a Maria de Lurdes.
O Sítio Joaninha fica entre as duas cidades, do lado de Diadema algumas intervenções foram feitas pela prefeitura. Segundo Maria de Lurdes o cadastro de moradores tem cerca de 800 famílias. Ela também disse que não há negociação em andamento com prefeituras ou proprietário do terreno. “Está na justiça, estamos correndo tentando um advogado para nos ajudar, porque nós estamos fora de qualquer projeto de habitação”, diz a líder dos moradores. “Desde terça-feira as pessoas se revezam, fazem um tipo de vigília. Estamos todos de ‘cabana’, de olho para ver se tem alguma máquina vindo. Tem morador que está com medo de sair para trabalhar e não encontrar mais a casa quando voltar”, lamenta.
Em nota, a prefeitura de São Bernardo diz que apenas cumpre decisão judicial para a remediação da área diz ter estrutura para amparar as famílias caso elas fiquem desabrigadas. “A Prefeitura de São Bernardo informa que contratou estudos para recuperação do local, processo que inclui a retirada de todos os moradores que se encontram nesta área, que é resultado de invasão em terreno particular. O estudo atendeu decisão judicial, após empresa contratada pela gestão anterior a essa descumprir previsão contratual para remediação do local. O contrato foi rescindido pela atual gestão. A determinação judicial envolve também o município de Diadema e os proprietários do terreno. Paralelamente a isso, a administração mantém apoio às famílias que demandam atendimento social, bem como oferta de abrigo provisório em caráter emergencial e excepcional, visando a prevenção de riscos, mitigação de situações de emergência, preparação e organização de eventuais ações de enfrentamento de emergências”, diz o comunicado.