É natural que, conforme envelhecemos, tenhamos dificuldades para lembrar de algumas coisas, porém, é preciso ficar atento aos sinais. Os problemas relacionados a falta ou perda recorrente dessa capacidade podem ser causados por diversos fatores e, inclusive, desencadear algumas doenças. Em entrevista ao RDtv, a neurologista Claudia Cristina Ramos, docente do curso de Medicina da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), alerta que a partir do momento que o esquecimento passa de uma ação transitória a recorrente, se faz necessária uma observação, acompanhada de ajuda especializada.
A piora do padrão de esquecimento é progressiva, e pode chegar até o ponto que chega a atrapalhar o dia-a-dia do indivíduo. “Isso evolui até ficar cada vez mais intenso. Você passa a esquecer datas importantes, esquecer o ano em que estamos e fica até desorientado em relação a lugares que costumava ir”, comenta a neurologista, em entrevista.
Em relação ao esquecimento de palavras, Claudia explica que pode considerar normal quando o esquecimento é algo pontual, já quando há dificuldade para formular frases ou discurso e há alteração significativa de linguagem, é necessário ficar atento. Com a identificação de possíveis problemas, a neurologista alerta que é importante buscar um especialista para avaliação. “Podemos fazer vários testes de domínios cognitivos para entender o perfil de dificuldade, a partir daí é possível definir o diagnóstico e o tratamento correto”, afirma.

O funcionamento da memória é multifatorial. Sobrecarga, estresse, ansiedade, depressão e distúrbios do sono podem ser fatores impactantes para o bom funcionamento da capacidade de recordação. Doenças neurológicas, como quadros degenerativos, também podem ser prejudiciais para a função do cérebro. A exemplo disso, a doença de Alzheimer.
Pra além das doenças neurológicas, a neurologista aponta que alguns casos de covid-19 podem incluir a perda da memória como sequela. “A inflamação causada pelo coronavírus pode acometer o sistema nervoso central, e a partir de alguns estudos, apontam que ele pode, sim, potencialmente afetar áreas do cérebro ligadas a memória”, explica. A boa notícia é que, segundo Cláudia, a maioria desses casos é temporário.
O tratamento depende de cada caso, e muitas vezes pode ser realizado com uso de medicamentos. Já a prática de atividades como yoga ou exercícios físicos também pode ser eficaz no combate e tratamento do problema.