Se as escolas continuam a replicar padrões do século passado, é garantida a construção e manutenção da educação sexista. Provavelmente, por conta disso, não iremos conseguir mudar violência contra a mulher. Isso também, acaba por impedir que mulheres acessem profissões tidas como masculinas. O comentário é da jornalista e educadora Sandhra Cabral, docente da Escola de Indústria Criativa da USCS (Universidade de São Caetano do Sul). Sandhra diz que o machismo está enraizado na sociedade brasileira desde sua origem como nação e a melhor maneira de combatê-lo é com a educação dos mais jovens.
“Só pra ilustrar, os índices de feminicídio cresceram 35% no Brasil em 2022, em comparação com o mesmo período no ano passado, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo”, afirma a professora, também CEO do Educar para ser Grande.
Sandhra conta que, como ainda temos um modelo machista na educação das crianças, os meninos crescem com o pensamento de poder sobre as mulheres. “As meninas precisam entender, desde cedo, que conforme as diretrizes de direitos humanos, todos possuem os mesmos direitos, independente de gênero”, diz. “Só por aí, deveríamos pensar que, se introduzimos educação as crianças, temos que levar isso em consideração”, endossa Sandhra, .
Segundo a professora, é necessário que, para esse processo funcionar, a escola estabeleça uma comunicação com os pais, explique o que será inserido, interdisciplinarmente, uma educação sexual e não sexista, para que as crianças quebrem padrões pré-concebidos. Sandhra explica que esse contato é fundamental, para não haver mal-entendido. “É importante que isso seja entendido como seguimento e respeito à lei e não como ideologia”, diz.
Cabral ressalta ainda que é importante essa educação começar na própria família. “Se em casa, os pais derem uma educação igualitária aos filhos, essas crianças vão crescer naturalmente, fazendo isso”, endossa.
É necessário, também, que os professores recebam uma atualização profissional, porque infelizmente isso não está na grade geral da graduação da pedagogia. “É fundamental que, além disso, a escola abrace essa causa também, pois o professor sozinho não nada”, reforça.