
A Associação Innovaação Compartilhando Saberes, que tem sede na rua Irajá, no Jardim Ocara, em Santo André, corre sério risco de fechar as portas se não obtiver auxílio, seja do governo, de empresas ou pessoas físicas, suficiente para transferir a sede para outro endereço e pagar as contas fixas. A instituição, que teve personalidade jurídica formalizada em 2012, distribui cestas básicas para famílias carentes, banho e marmitas para pessoas em situação de rua, cursos de música e canto, além de apoio social para as famílias da região em que se encontra.
Segundo Luci Nascimento, presidente da entidade, a situação de queda de doações se soma ao pedido de entrega do terreno, feito pelo proprietário. A área é alugada e sobre ela a instituição ergueu sua sede com estrutura modular, que pode ser desmontada e remontada em outro local. Essa é a esperança da associação para continuar o trabalho que é considerado uma referência para o bairro e para a cidade. “O proprietário não quer mais renovar o contrato porque quer dar outro uso para o terreno”, explica a presidente.
A dificuldade de manter o trabalho social aumentou na pandemia e isso afetou duramente as finanças da entidade. “Aumentou muito o número de pessoas em situação de rua durante a pandemia. No começo tivemos uma melhora nos recursos e mais voluntários, mas quando acabou o ‘fique em casa’ e as pessoas voltaram ao trabalho voltou a cair e bastante, muita gente perdeu emprego e a população de rua aumentou demais. A gente entregava marmitas de domingo a domingo, mas por falta de mistura e com menos voluntários, passamos a entregar somente às segundas, quartas e sextas-feiras. Antes da pandemia a gente entregava 40 cestas básicas, na pandemia esse número aumentou para 340”, explica Luci.
As contas fixas como água, luz, telefone e salários de quatro funcionários são os maiores problemas depois da dificuldade com o terreno da sede. A despesa mensal só com esses custos é de R$ 12 mil. “Nós não temos mantenedores fixos que pudessem manter esse fluxo de pagamentos, não entra para pagar isso tudo”. Mesmo com as dificuldades o trabalho da associação é grande. Em cinco anos foram entregues 43 mil refeições a pessoas em situação de rua, além disso, a entidade tem uma estrutura móvel que leva para localidades onde as pessoas que vivem nas ruas podem tomar banho, mas recentemente o veículo sofreu uma pane e não há recursos para o conserto. Em cinco anos foram mais de 4 mil pessoas atendidas no projeto Banho que Abraça. No mesmo período foram entregues 4 mil cestas básicas, além de ministradas aulas de corte e costura, música e canto e formados grupos fixos de terapia para adultos e crianças.
“Estamos pedindo socorro mesmo, estamos procurando um milagre financeiro que possa nos ajudar com as despesas fixas e com o terreno também, fevereiro é meu prazo limite para deixar o imóvel. Eu sempre fiz esse trabalho assistencial, é minha vocação, se precisar volto a fazer tudo na minha casa, sozinha, isso eu nunca vou parar de fazer”, completa Luci. Doações podem ser feitas através da chave Pix: 16.516.729/0001-55. A prefeitura de Santo André não se posicionou até o fechamento desta reportagem sobre a solicitação de área.