
Em campanha, em 2020 para a prefeitura de Diadema, o prefeito José de Filippi Júnior (PT) disse que lutaria para reverter a política do governo do Estado, que instalou catracas nos terminais metropolitanos do Centro e de Piraporinha, para a cobrança de uma tarifa de R$ 1,15 pela integração. Desde 1991, através de um convênio, os terminais tinham livre integração sem cobrança pela transferência entre as linhas municipais e estaduais, mas isso mudou em 2017 com a instalação das catracas. Para a administração municipal o Estado tomou uma decisão política no lugar de usar critério técnico para justificar a cobrança.
Os usuários que chegam dos bairros nos ônibus municipais e seguem para o sistema gerenciado pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) têm que, obrigatoriamente, pagar a tarifa de integração. No movimento contrário, a prefeitura não cobra do usuário. O ex-prefeito Lauro Michels (PV) chegou a fazer um ato e fechou a entrada do terminal do Centro da cidade com seu próprio carro para chamar a atenção para o problema. Mesmo com mais proximidade política com o então governador João Doria (sem partido) não conseguiu reverter a situação.
O RD solicitou informações da prefeitura de Diadema para saber o que foi feito já que o mandato de Filippi se aproxima da metade. Segundo a administração, nestes 22 meses de governo foram realizadas nove reuniões para tratar do assunto, sem que qualquer resposta fosse dada pelo Estado. “Desde o início da administração, esta gestão não mediu esforços para mostrar ao Governo do Estado que a cobrança da integração nos terminais metropolitanos era injusta com a população de Diadema. A baldeação gratuita funcionou, durante 26 anos, em um sistema financeiro que jamais mostrou prejuízo aos atores envolvidos. Foi com este olhar que o prefeito José de Filippi Júnior e representantes da Secretaria de Transporte e Mobilidade de Diadema se reuniram por nove vezes com o Governo do Estado e com a EMTU, responsáveis pelos terminais Diadema e Piraporinha”, informou a prefeitura em nota.
A administração diz ainda que várias propostas foram colocadas pela prefeitura, entre elas a de que o município assumisse a manutenção dos dois terminais e que arcasse com o valor da integração. “Em nenhuma das propostas houve quaisquer sinalizações por parte do Governo do Estado, o que indica que a cobrança da integração tarifária nos dois terminais de Diadema é uma decisão política por parte da administração estadual, fato que a administração de Diadema lamenta”.
Em abril do ano passado o prefeito chegou a cogitar a construção de um novo terminal, este gerido pela prefeitura, para fazer a integração com o sistema intermunicipal. A prefeitura não detalhou a quantas anda esse projeto, ou se há estudos de viabilidade econômica. Na nota enviada ao RD, a administração municipal diz que “criou um comitê para discutir a viabilidade de alternativas para que o usuário do transporte coletivo de Diadema seja ressarcido pelo pagamento da integração nos terminais metropolitanos”.
Enquanto isso os usuários continuam pagando a tarifa para migrar entre os sistemas nos dois terminais. Essa tarifa pode ser debitada no saldo do Cartão Top ou paga em moedas. O RD já publicou que há problemas nesse sistema, já que os equipamentos não devolvem troco. A moradora do Jardim Canhema, Erika Rogério Tavares, se sente prejudicada. “A gente põe a moeda e não devolve troco, o prefeito prometeu e não passou da promessa, falou de outro terminal que também não saiu do papel”, lamenta.