
Poucos momentos após o ex-governador João Doria anunciar sua desfiliação do PSDB, após 22 anos, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, utilizou sua conta no Twitter, nesta quarta-feira (19/10), para lamentar a saída do aliado, mas para deixar clara a necessidade de reconstrução da legenda, algo já dito por outros integrantes da região.
“A saída de João Doria do PSDB, anunciada hoje, expõe a necessidade urgente de o partido ser repaginado e reconstruído. Ninguém tem dúvida de que estamos no pior momento da história da sigla. Ou mudamos ou vamos perder ainda mais a relevância no cenário nacional”, escreveu o prefeito.
A fala ocorreu menos de 48 horas após Orlando considerar que qualquer diagnóstico sobre a legenda deveria ser feito após o segundo turno, ou seja, após 30 de outubro. Até então sua visão era de que qualquer comentário antecipado poderia ser ruim e que só com calma poderia ser realizado algum balanço sobre o assunto.
Em 5 de outubro, o prefeito de Santo André, Paulo Serra, já tinha antecipado tal linha de pensamento. “É um momento triste para o partido. Eu lamento esse equívoco partidário que começou na disputa da prévias. Nós tivemos até uma posição contrária ao partido no Estado de São Paulo ao defender a candidatura do Eduardo Leite, porque nós tínhamos uma convicção de que a candidatura do Eduardo era a única competitiva, a ponto de fazer com que o PSDB desse uma alternativa ao Brasil e sair dessa polarização que não é boa para o País”.
Em entrevista exclusiva ao jornalista Leandro Amaral, do Repórter Diário, o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), alertava para o considerava como uma “degradação partidária do PSDB” que teria ocorrido com o início da trajetória eleitoral de Doria, quando foi candidato a prefeito da Capital, em 2016. Para o sul-sancaetanense, a postura do agora ex-colega de legenda ao longo dos últimos ajudou no momento vivido pelo partido e na derrota em São Paulo, após 28 anos.
“Acho que o governador Rodrigo Garcia pagou um preço. Primeiro de um ambiente polarizado que o País vive, mas ele pagou pela toxidade que foi o fato de ter sido vice-governador do governador João Doria, que hoje tem um quadro de rejeição altíssimo no meio político. Você observa que a presença dele se tornou quase que tóxica no meio político e o Rodrigo talvez pagou o preço de ter sido vice-governador e secretário de Governo”, disse Auricchio.
Bastidores
Oficialmente nenhum tucano do ABC apontou a possibilidade de deixar o PSDB, mesmo após a derrota do partido no Estado. No primeiro semestre, Orlando Morando foi convidado para migrar para o União Brasil, principalmente quando estava com o nome cotado para ser candidato a vice-governador, o que não ocorreu.
Apesar da negativa, as portas para o prefeito de São Bernardo seguem abertas na legenda e há quem considere que Morando e Rodrigo Garcia migrem para a legenda em 2023, fato que nunca foi confirmado por nenhuma das partes.
Internamente o entendimento é que todas as definições vão ocorrer na dependência de quem vai liderar o partido após as eleições. Caso Eduardo Leite e Raquel Lyra conquistem o comando dos governos do Rio Grande do Sul e Pernambuco, respectivamente, este grupo conquistará força suficiente para renovar a legenda, assim substituindo o grupo que era próximo de Doria.