
O ICEI (Índice de Confiança do Empresariado Industrial) do ABC, feito com dados até agosto deste ano, superou a média mensal do período pré-pandemia. O índice alcançou média de 56,05 pontos, contra 55,26 da média do biênio 2018/2019. Comparando a média mensal dos índices de confiança nacional, do Sudeste e do ABC, é possível notar também que o empresariado da região ficou mais confiante de quatro anos para cá, enquanto no país e nos quatro estados o ICEI ainda está abaixo de 2018/2019. O índice regional é produzido pelo Observatório Econômico da Universidade Metodista.
O ICEI é elaborado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). O Observatório Econômico realiza desde março de 2016 um recorte da pesquisa no ABC. No escore CNI-FIESP, avaliação de 50 a 100 pontos significa melhora nas expectativas e na confiança, 50 representa indiferença e menos que 50 reflete piora no humor empresarial.
Para o economista e coordenador de estudos do Observatório, Sandro Maskio, o resultado positivo para o índice de confiança do ABC se deve mais à confiança do empresariado no próprio negócio do que na economia do país. Os quesitos que compõem o ICEI, comprovam que a insegurança está mais ligada às questões econômicas nacionais. O item Condições da Economia, que tinha média de 49,28 no biênio 2018/2019, caiu para 47,13 na média deste ano, como também caiu o índice no campo Expectativas da Economia Brasileira, de 56,46 para 55,51.
“O empresariado industrial está mais confiante no próprio taco do que no progresso da economia, índice este que está mais tímido e revela certa cautela. Chama atenção a leve recuperação do nível de confiança da indústria local que se dá mais pela intensidade da presença industrial no ABC. Como a indústria da região movimenta uma cadeia produtiva maior, ela sofre mais quando há uma retração da atividade, mas a recuperação também acontece em um grau mais intenso”, analisa Maskio.

O economista considera que, apesar do desenvolvimento industrial de outras regiões e da diminuição da atividade industrial, o ABC ainda se destaca em presença da indústria. “Alguns setores são fortemente ligados à indústria de carros e caminhões e a produtos da indústria química e petroquímica, esses ainda são segmentos muito pesados na economia local”.
Maskio chama atenção para a comparação de dois períodos pré-eleitorais, o que vivemos agora e o de 2018. O ICEI dos dois períodos são muito diferentes, com o nível de confiança muito mais baixo há quatro anos do que o que se verifica agora, tanto no nível nacional , como na região Sudeste como no ABC. “Isso chama atenção e mostra que os empresários industriais não sentem um grau de certeza. Havia uma polarização política lá atrás e hoje ela é até mais forte, mas mesmo frente a esse contexto o índice é melhor agora do que há quatro anos”, analisa. Para o economista a campanha política deste ano está muito focada em questões ideológicas e isso também afeta a percepção do empresariado.
O pior período de confiança da indústria nos últimos quatro anos foi no biênio 2020/2021, no auge da pandemia da covid-19. No Brasil a média mensal daquele biênio foi de 56,56, contra a média deste ano de 57,11. Na região Sudeste era de 55,14 e agora está em 55,73 e no ABC estava em 52,40 e agora está em 56,05.