A Fundição Tupy anunciou que vai fechar a fábrica em Mauá, e os cerca de 200 trabalhadores ou aceitam a proposta de transferência para Joinville (SC) e Betim (MG) ou perderão seus empregos. O Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá realizou assembleia com os trabalhadores na manhã desta quarta-feira (21/09) para comunicar os trabalhadores o início de um processo de negociação com a empresa visando, principalmente, garantir os direitos dos trabalhadores que têm estabilidade, conforme acordo coletivo, e que não querem se mudar de Estado.
O secretário administrativo do sindicato, Sivaldo da Silva Pereira, o Espirro, lamentou a decisão da empresa e disse que não há o que a representação sindical possa fazer para revertê-la; o que pode ser feito é negociar como serão garantidos os direitos dos trabalhadores que têm direito a estabilidade e que não aceitarão mudar de estado. “Alguns tem dificuldade de mudar toda a sua vida, pois não é uma mudança para o interior de São Paulo, é para outro estado, e as pessoas têm casa, família, filhos na escola. Então estamos na fase de tentar encontrar alternativa para esse pessoal que tem estabilidade que são cerca de 110 trabalhadores. A empresa não se nega em mantê-los, mas o problema é que não terá mais uma fábrica aqui, então resta ao trabalhador escolher se vai para Betim, para Joinville ou se deixa a empresa”, explicou Espirro.
Segundo o dirigente sindical, 69 trabalhadores já aceitaram a transferência. Os funcionários têm até o dia 30 deste mês para escolher para qual unidade desejam ir. Os que não quiserem serão desligados. Quem for demitido vai receber além da indenização, três salários mínimos, seis meses de convênio médico e seis vales-compra de R$ 1,2 mil cada.
Quem decidir mudar para as outras unidades da Tupy vai receber auxílio mudança em que a empresa pagará os custos, auxílio-aluguel limitado em R$ 1,5 mil durante três meses, bônus de um salário, hospedagem por até 30 dias, uma passagem de ida e volta por mês para visitar a família e o auxílio retorno caso o empregado seja dispensado sem justa causa dentro do período de 12 meses.
Impacto
O impacto para a economia de Mauá será significativo. Cada trabalhador da Tupy que fica desempregado ou que deixará a cidade, ganha em média R$ 2.800. O impacto somente em salários chega a R$ 7,2 milhões por ano para a economia da cidade. Isso sem contar os trabalhadores terceirizados, como os de segurança, portaria e limpeza que também perderão seus empregos, e os empregos indiretos de outras empresas que vendem ou prestam serviços para a Tupy de Mauá. O município também perde com a arrecadação de impostos como o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
O fechamento da fábrica encerra um ciclo de quase 50 anos de atividade. A empresa foi montada pela Cofap em 1973, segundo relata Espirro que é funcionário da empresa há 36 anos. Em 1998 a Tupy comprou a empresa que na época chegou a empregar mais de 11 mil trabalhadores. “Fizeram um investimento muito grande em equipamentos com fornos automáticos”, relembra Espirro.
Em 2017, a empresa já queria fechar a fábrica, que nessa época já tinha desativado os fornos e trabalhava apenas com o acabamento nos blocos e cabeçotes de motores. Naquele ano a intenção era demitir 750 trabalhadores, mas em negociação com o sindicato, parte desse contingente foi mantido e a empresa ficou em Mauá.
Empresa
Em nota, a empresa se limitou a confirmar o fechamento da fábrica de Mauá e que negocia com o sindicato. “A Tupy confirma que, no próximo dia 30 de setembro, seguirá com a transferência das atividades remanescentes da planta de Mauá para as plantas localizadas nas cidades de Joinville e Betim. Todos os colaboradores que ainda atuam na operação receberam oferta de transferência para estas unidades – Minas Gerais e Santa Catarina – da Companhia no Brasil. A Tupy reforça que o sindicato e a empresa estão acompanhando e orientando os colaboradores de forma ainda mais próxima, neste momento de transição”, diz o posicionamento.
A prefeitura de Mauá informou que não recebeu nenhum comunicado da empresa e que ainda não tem um levantamento do impacto que a saída dos trabalhadores trará para o município. “A prefeitura não recebeu nenhum aviso prévio, oficial sobre o fechamento da empresa. Segundo dados de 2021, a atividade da empresa foi responsável por menos de 1% do ICMS recebido pelo município. Ainda não há como mensurar outros possíveis impactos”, informou a administração em nota.