ABC - segunda-feira , 6 de maio de 2024

‘Andor’ é ‘Star Wars’ em que grandes corporações dominam os planetas

A proliferação de séries e filmes do universo Star Wars desde a aquisição da Lucasfilm pela Disney, em 2012, teve seus altos e baixos. Entre os primeiros, figura Rogue One: Uma História Star Wars (2016), dirigido por Gareth Edwards. E isso, apesar de todos os percalços de produção, no meio do caminho, Tony Gilroy foi chamado para “polir” o material.

Não se sabe exatamente qual foi sua contribuição, mas ele está de volta com Andor, cujos três primeiros episódios entram no ar nesta quarta-feira, 21, no Disney+, retomando a história de Cassian Andor (Diego Luna), um dos revolucionários que foram – spoilers de 2016 – mortos ao tentar roubar as plantas da Estrela da Morte.

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O que Rogue One tinha de melhor era a apresentação de personagens comuns, que não eram princesas nem jedis, lutando contra o totalitarismo do Império e dispostos a morrer por isso. “Quando conhecemos Cassian, descobrimos que ele estava nessa luta desde os 6 anos de idade”, disse Gilroy em entrevista ao jornal The New York Times. “Sua história é sombria, e ele dá sua vida para salvar a galáxia. Essa é uma pessoa fascinante.” A série Andor, que se passa cinco anos antes de Rogue One e vai ter duas temporadas de 12 episódios cada, pretende mostrar como ele chegou a esse ponto.

O mundo que Cassian Andor habita está bem distante daquele frequentado pela Princesa Leia. São planetas dominados por grandes corporações, ou explorados para mineração. Cassian revira lixões na tentativa de sobreviver. Até que coloca as mãos em uma tecnologia do Império que acredita valer muito dinheiro, se sua amiga Bix (Adria Arjona) conseguir colocá-lo em contato com algum bom comprador. “É uma história complexa, porque você não pode deixar as áreas obscuras de fora ao falar de revolução”, advertiu Diego Luna durante painel virtual da Associação de Críticos de Televisão americana. “Pessoas tentando sobreviver agem de maneira diferente. Então vamos poder explicar como Cassian toma as decisões que toma em Rogue One.”

UNIDADE

O ator mexicano acha até injusto a série se chamar Andor, porque se trata de uma comunidade. “A série fala do que podemos fazer juntos e do que somos capazes se entendermos que nossa força está nos números”, afirmou Luna. Em sua análise, ele acrescenta: “Acredito que uma história como essa nos permite comentar o que importa para você. É fácil dizer que isso aconteceu em uma galáxia muito distante, ou seja, que não tem nenhuma relação com o modo como vivemos e o que podemos fazer. Eu amo que essa história seja sobre gente comum. Sobre eu e você. Sobre nós.”

Justamente por isso, Tony Gilroy não quis dizer se personagens famosos do universo Star Wars vão fazer aparições nos 24 episódios de Andor – a primeira temporada cobre um ano, e a segunda vai narrar cada um dos quatro anos até Rogue One a cada três capítulos. “Você tem essa galáxia inteira e, até agora, vimos as mesmas pessoas repetidamente. Quantos bilhões de pessoas vivem nessa galáxia?”, perguntou o showrunner. “Andor fala de forças titânicas que estão manipulando a vida das pessoas, forçando-as a tomar certas decisões. A história da revolução e o que ela realmente significa é muito complicado.”

RAZÃO DE SER

Quando caras famosas surgirem, Gilroy disse que não quer que seja para agradar aos fãs, mas que tenham razão de ser. Star Wars é todo um universo, com encanadores, fazendeiros, anestesistas. “É um lugar real ou falso? Se é real, podemos fazer coisas reais”, disse Gilroy ao The New York Times.

A série tem uma cara mais realista e sombria do que outras dessa temática. Uma das razões para isso seria a decisão de não utilizar a tecnologia conhecida como volume, usada em O Mandaloriano e Obi-Wan Kenobi, em que uma parede de LED de 270º traz as paisagens digitalmente para a cena, ou seja, não é preciso usar locações. Gilroy negou que tenha qualquer coisa contra o volume.

“A tecnologia é extraordinária”, diz ele. “Mas para a nossa série não funcionava.” Como Andor era bastante ampla, com mais de 200 personagens com falas, em lugares diferentes, acharam melhor fazer da maneira tradicional.
Gilroy sabe que os fãs de Star Wars são bastante apegados ao cânone. “Só que é como se fosse a Igreja Católica, cheia de facções e grupos diferentes”, disse. “Estamos contando a história que queremos, sem violar o grande cânone, digamos assim.”

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