São Bernardo é o preço da indústria e também dos movimentos sindicais no Brasil. Desde a década de 1970, a cidade ganhou protagonismo em lutas dos trabalhadores que culminaram no futuro político do País. Uma das figuras emblemáticas desta época é o ex-prefeito Tito Costa. Aos 99 anos, concedeu entrevista ao RDtv e falou sobre a importância desta ação em sua história e a do município.
A primeira greve aconteceu em 12 de maio de 1978. Tito estava no comando da Prefeitura há um pouco mais de um ano, e presenciou as paralisações na planta da Scania. Apesar do início dos movimentos da abertura política no País, a Ditadura Militar seguia com sua linha dura, fato que fez com que muitos tivessem que adotar algumas estratégias para conseguir manter as manifestações.
“Eu vi de perto essa greve e tentei ajudar na resolução desta situação. Teve a participação do Dom Cláudio Hummes, que morreu recentemente. Na época ele era o bispo do ABC (bispo da Diocese de Santo André, responsável pela Igreja Católica na região) e ele fez muita coisa. Eu tive uma participação mais discreta, mas ele foi muito firme”, explicou o ex-prefeito.
Além disso, acabou vendo o nascimento de uma figura da política nacional, o então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Luiz Inácio Lula da Silva. “Nem poderia imaginar o que aconteceria anos depois, nem poderia imaginar que ele viraria presidente e que agora está tentando um novo mandato, o terceiro mandato. Realmente não passava pela minha cabeça”.
A cada uma das palavras ditas de maneira calma durante a entrevista, Tito Costa buscava relembrar os sentimentos do momento que considera o mais marcante de sua gestão que se findou em março de 1982, quando Aron Galente assumiu em seu lugar.
Entre 1993 e 1996 foi vice-prefeito na gestão de Walter Demarchi. Mas bate no peito para falar que começou na vida pública de São Bernardo ao lado de Lauro Gomes, ainda na década de 1950.
Prestes a completar 100 anos (no dia 31 de dezembro), Tito está ao lado da filha, Luciana Costa, e dos netos, relembrando os seus feitos e buscando ficar ainda próximo de São Bernardo. “Apesar de afastado para me recuperar, contínuo de olho em São Bernardo. Posso dizer que depois de Torrinha, cidade em que nasci, São Bernardo do Campo é a cidade que mais amo”, concluiu.