O governo iraniano se pronunciou oficialmente pela primeira vez, nesta segunda-feira (15/8), sobre o ataque sofrido pelo escritor anglo-indiano Salman Rushdie. De acordo com o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do país, o autor de “Os Versos Satânicos” e seus apoiadores são os únicos responsáveis pelo atentado.
“Nós não culpamos, ou reconhecemos digno de condenação, ninguém, exceto ele mesmo e seus apoiadores”, disse o porta-voz do Ministério, Naser Kanani, acrescentando que o escritor insultou a “santidade do islã” e cruzou os limites de mais de meio bilhão de muçulmanos.
O governo do Irã também negou qualquer ligação com o agressor que esfaqueou o escritor britânico Salman Rushdie. “Negamos categoricamente qualquer relação entre o agressor e o Irã”, e “ninguém tem o direito de acusar a República Islâmica”, disse Naser Kanani. Ele acrescentou que o Irã “não tinha nenhuma outra informação além do que a imprensa americana informou.”
Esfaqueado pelo americano Hadi Matar enquanto participava de uma palestra no Estado de Nova York, Rushdie ficou gravemente ferido no episódio. No sábado, 13, o escritor foi extubado, segundo Andrew Wylie, agente de Rushdie. Ele apresenta melhora significativa e deve restabelecer o movimento da mão, apesar de os nervos do braço terem sido afetados pelo ataque. Rushdie teve o fígado atingido e também pode perder um olho.
A obra de Rushdie fez com que ele se tornasse alvo de ameaças de morte no Irã desde a década de 1980. O livro “Os Versos Satânicos” de Rushdie é proibido no país desde 1988. Muitos muçulmanos consideram a história uma blasfêmia.
Um ano depois, o falecido líder do Irã, o aiatolá Ruhollah Khomeini, emitiu um edito, pedindo a morte de Rushdie. Uma recompensa de mais de US$ 3 milhões também foi oferecida para quem tirasse a vida dele. O escritor passou cerca de dez anos sob proteção policial e vivendo na clandestinidade. Ele mora nos EUA desde 2000.
O ataque
Rushdie, de 75 anos, foi esfaqueado na sexta-feira, 12, enquanto participava de um evento no oeste de Nova York. Neste domingo, 14, o escritor apresentou melhoras, conforme informações do agente literário Andrew Wylie. Seu agressor, Hadi Matar, de 24 anos, se declarou inocente das acusações do ataque por intermédio de seu advogado.