Por conta da pandemia, a procura por atendimentos de violência autoprovocada cresceu em mais de 30%, assim como a taxa de suicídio na cidade de Diadema. Em entrevista ao RDtv, apoiadora da Atenção Básica de Saúde, Denise Miyamoto de Oliveira, explica que violência autoprovocada é qualquer situação onde, alguém que se encontra em um estado de grande sofrimento atenta contra a própria vida ou se machuca para aliviar este sofrimento, situação que se agravou durante o período de isolamento social.
Denise esclarece que, assim que uma pessoa procura um serviço de saúde para tratar este sofrimento, uma ficha de notificação é preenchida e enviada à para a Vigilância de Saúde, mas muitas vezes este encaminhamento pode demorar até 30 dias, o que atrasa o acompanhamento do paciente. “Para agilizarmos este cuidado, quando a pessoa recebe alta após atendimento em serviços de urgência como pronto socorros, esta ficha é encaminhada para a Atenção Básica de Saúde, que possui contato direto com as moradias e, com isso, podemos acompanhar esta pessoa de perto”, informa.
A apoiadora expõe que Diadema oferece cuidados em saúde mental nas 20 UBSs (Unidade Básica de Saúde), além dos cinco CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) 24h, sendo três para o público adulto, uma para o público infanto-juvenil e um para álcool e drogas, mas existe planejamento para expansão. “Em relação aos CAPS, existe uma discussão para mudança de sede e ampliar para um local maior, por conta da grande demanda. Já nas UBSs, existe uma iniciativa para aumentar as equipes multiprofissionais, que apoiam as equipes de estratégias para discutir os casos de violência autoprovocada”, ressalta.
Denise afirma também que, nos CAPS, cerca de 2 mil pessoas são atendidas mensalmente, mas por conta do acompanhamento intensivo, os pacientes não tem apenas um atendimento. “O paciente pode receber atendimento diário, dependendo do quadro. Mas reforço que não são apenas os CAPS que oferecem este apoio, temos equipes na Atenção Básica, nos prontos socorros, no ambulatório trans, então toda a rede de saúde está preparada para o atendimento à estas pessoas que estão em sofrimento”, diz.
Novas pactuações necessárias
O trabalho “Violências autoprovocadas e a pandemia de covid-19: novas pactuações necessárias”, da Secretaria Municipal de Saúde de Diadema, foi apresentado no dia 12/07, durante a “17ª Mostra Brasil aqui tem SUS”, que integra a programação do Congresso Nacional de Secretários Municipais de Saúde, que acontece entre 12 e 15 de julho, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Para representar a experiência exitosa na rede pública de Saúde de Diadema para os demais municípios, estavam a secretária municipal da Saúde, Rejane Calixto, a assessora do Gabinete Isabel Cristina Fuentes e as assessoras da Atenção Básica e autoras do trabalho: Cristiane Lopes de Souza, Denise Miyamoto Oliveira e Nancy Yasuda.
A banca julgadora do trabalho contou com a participação de Ricardo Ceccim (UFRGS), Patrícia Bezerra (SES Alagoas), Claudia Le CoCq (Fiocruz) e Rodrigo Machado (Escola de Saúde de Minas Gerais). O município agora fica no aguardo da avaliação da comissão julgadora e na expectativa pelo resultado da premiação no evento.