
A Competi – Comissão Municipal de Prevenção e Erradicação ao Trabalho Infantil, ligada à secretaria de Assistência Social e Cidadania de Diadema, realizou nesta sexta-feira (24/06) uma série de atividades em comemoração ao Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, celebrado no último dia 12. Representantes do governo, de entidades parceiras e jovens que frequentam os serviços dessas entidades ocuparam a Praça Lauro Michels, no Centro, para dar o seu recado por meio de música, arte e conscientização.
Para Rose Vieira, assistente social e responsável pelas ações estratégicas do município contra o trabalho infantil, esse é um problema que ela conheceu de perto. “Eu mesma fui uma criança que trabalhou. Chorei muito quando tive que sair da escola, aos 12 anos, pra trabalhar. E só consegui voltar a estudar muito mais tarde”, desabafou. “O trabalho infantil é uma forma de violência que rouba a infância, a adolescência. E ainda se mistura ao tráfico de drogas e exploração sexual”.
Rose conseguiu voltar à escola muito mais tarde, se formar, fazer uma faculdade. Mas sabe que é exceção. “Muitas crianças caem em um ciclo de pobreza que envolve trabalho infantil, evasão escolar, gravidez adolescente, que traz ao mundo mais uma criança que vai repetir todo esse ciclo, geração após geração. Nosso papel enquanto governo é quebrar isso. Muitos jovens que trabalhavam fazem parte hoje dos programas de Fortalecimento de Vínculos da prefeitura. Só em Diadema, hoje são 1.114 crianças e adolescentes nesses serviços. No Brasil, a estimativa é que quase 2 milhões de crianças e adolescentes estejam em situação de trabalho infantil”.
“E a gente ainda pretende inserir as famílias em programas como a Frente de Trabalho e o Nosso Bairro Melhor, para que tenham uma alternativa de fonte de renda que não seja o jovem,” conclui.
No palco do evento, grupos de crianças e adolescentes dos programas de fortalecimento de vínculos de diversas entidades socioassistenciais apresentaram coreografias, músicas e poesias contra o trabalho infantil.
Vitor, 18, e Luís Henrique, 17, lançaram seu rap: “A gente pede paz / Um Brasil melhor / Sem abuso, nunca mais”. Os meninos vieram do Campanário, frequentam o Núcleo Maria Tereza do Programa Adolescente Aprendiz e fazem coro ao discurso dos adultos: “Não coloquem seus filhos pra trabalhar, isso não é certo. A criança tem que estudar, se divertir,” afirmou Luís Henrique, que já viveu o trabalho infantil como assistente de pedreiro e trabalhando em feira. “A gente passou por isso, mas teve muita sorte de conseguir sair. Por isso que é preciso dar mais oportunidades para as crianças da favela.”
“Assim como as crianças não trabalham porque desejam, as famílias também não expõem suas crianças porque desejam”, apontou Vanessa França, do Programa Prefeito Amigo da Criança. “É preciso chegar à raiz disso tudo se quisermos combater a exploração”.