
A aplicação da segunda dose da vacina contra a covid-19 é fundamental para garantir efetividade no processo de imunização. Acontece que em cinco cidades do ABC, 35,5 mil crianças que estavam elegíveis para receber a segunda dose ainda não voltaram aos postos de saúde para completar o esquema vacinal, o que tem preocupado especialistas em Saúde.
Em entrevista ao RD, o pneumologista Elie Fiss, professor titular de Pneumologia do Centro Universitário da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) explica que o reforço da vacina para as crianças garante maior efetividade na proteção contra o vírus. “A segunda dose é fundamental para diminuirmos o contágio da covid-19, principalmente nas escolas, onde há maior circulação de crianças”, diz.
O especialista enxerga a abstenção de crianças no esquema vacinal como um descuido dos pais referente aos cuidados com a saúde pública. “Já foi compravo cientificamente a eficácia da vacina, não há o que temer. Mas os pais precisam ter em mente a importância da vacinação e levar os filhos o quanto antes pra completar o esquema vacinal ou até receber a primeira dose”, salienta o médico ao alertar que, em alguns casos, muitos pequenos sequer receberam a primeira aplicação do imunizante.
Em São Bernardo, a Prefeitura informa que a cobertura vacinal em crianças entre cinco e 11 anos é de 92% com a primeira dose e de 65% com a segunda dose. Diante cenário, 24.558 crianças ainda não receberam a dose de reforço, enquanto outras 5.588 crianças não receberam a primeira dose da vacina contra a covid. A cidade, no entanto, mantém a vacinação por livre demanda, com buscas ativas por meio de visitas nas casas por Agentes Comunitários de Saúde para atualização da carteira vacinal.
Pamella Machado, de 32 anos, mãe do pequeno Josué, 6, diz ter medo de mandar seu filho para a escola, no bairro Baeta Neves, tendo em vista o número de crianças sem vacina. “Na escola do meu filho vivem trocando máscaras, isso quando usam. Canso de buscar ele na escola e ver outras crianças saindo e entrando sem nada no rostinho. Se alguém pega a covid-19 passa pra todo mundo”, diz.
Em Ribeirão Pires a situação não é diferente. Apesar do município contabilizar 6.792 crianças com o esquema vacinal completo, 444 crianças ainda não receberam a aplicação da primeira dose, e outras 2.373 ainda aguardam a aplicação de reforço. Já em Diadema, 12.893 crianças na faixa etária de cinco a 11 anos que estão aptas a tomar a vacina ainda não deram início ao esquema vacinal. Outras 5.937 crianças não se imunizaram até o momento.
Em São Caetano o total de crianças, de cinco a 11 anos, sem o processo de vacinação completo é de 1.973, enquanto em Rio Grande da Serra 741 crianças ainda não voltaram para receber a segunda dose. Mauá e Santo André não responderam os questionamentos da equipe do RD até o fechamento da reportagem.