Apesar do aumento do número de casos de covid-19 nos últimos dias, o não reflexo existente no número de internados e óbitos ainda não aponta para uma preocupação extrema. Tal cenário não é o mesmo para as pessoas em situação de extrema vulnerabilidade que perderam emprego, renda e até mesmo o local para viver. As entidades que ajudam estes grupos ganharam mais importância, mas também sofrem com as dificuldades econômicas vividas no País. Em entrevista ao RDtv, representantes destas organizações apontam que houve uma queda de 80% no número de doações em consequência do desemprego.

Thiago da Silva Quintanilha, coordenador do Movimento Nacional de População de Rua do ABC, ressalta que está cada vez mais difícil conseguir produzir cerca de 200 marmitas que são distribuídas para 80 famílias atendidas todas as semanas.
“Teve momento que estava faltando até aqui em casa. Teve um dia que olhei e só tinha um pouquinho de arroz e um pouquinho de feijão. Realmente a situação está cada vez mais difícil. Eu mesmo só tenho um fogão de duas bocas para cozinhar com minha esposa. Apesar disso, seguimos na correria para atender as pessoas”, explicou.
Gisele Capelli, presidente da ONG Anos da Sopa do ABC, também aponta o mesmo cenário. “Durante a pandemia as pessoas ainda estavam com a sua vida estabilizada, a inflação não estava tão grande e as coisas estavam mais ou menos organizadas, então as pessoas estavam mais sensíveis, acabavam ajudando mais. A nossa instituição foi uma das poucas que continuou aberta desde o início, não fechamos a nossa porta. Chegou em um ponto em que quando as outras instituições começaram a abrir, nós tínhamos como ajudar as outras instituições”, afirmou.
A Organização Não Governamental ajuda a alimentar diariamente os moradores de rua com cerca de 200 refeições feitas por voluntários. Além disso, existe o movimento de entrega de roupas e a ajuda psicológica realizada durante as visitas feitas nos principais pontos de atendimento, principalmente durante o frio.
Aniversário solidário
A queda na temperatura também é um dos pontos que cria uma maior necessidade de ajuda para a população em situação de rua e entidades que ajudam nesse processo. O voluntariado vira um tema cada vez mais importante para que ocorra uma corrente de solidariedade. A neurologista Margarete de Jesus Carvalho, da Faculdade de Medicina do ABC, resolveu celebrar seu aniversário ajudando as pessoas mais carentes.
“Tudo começou há oito anos. Confesso que não gosto de comemorar o meu aniversário, prefiro viajar. Porém uma vez eu fiquei por São Paulo e resolvi aproveitar essa época para angariar doações. Foram mais de 1 mil itens nesse primeiro dia. Neste ano eu comecei antes, meu aniversário é em julho, mas eu já comecei a arrecadação das doações e vou até agosto com isso”, explicou a médica.
Margarete encaminha as doações para entidades como a Casa Ronald McDonald, e asilos em Santo André e São Bernardo.