Incerteza global com inflação, atividade e juros deixa Ibovespa instável

Ritmo moderado das bolsas europeias e norte-americanas levam o Ibovespa a iniciar junho de maneira claudicante. Já a alta de 1,1% do minério de ferro em Dalian estimula ganhos de ações ligadas ao setor, na esteira da já anunciada reabertura das atividades em Xangai, após dois meses de lockdowns, e depois que a China lançou um pacote de medidas para estimular a economia. Ontem, o indicador da B3 subiu 0,29%, aos 111.350,51 pontos, encerrando maio com valorização de 3,22%, depois do tombo em abril.

De acordo com Victor Hugo Israel, especialista em renda variável da Blue3, há bastante incerteza em relação aos condutores internacionais, o que acaba provocando instabilidade no índice Bovespa. Em sua visão, o que dá um tom altista ao indicador são as perspectivas de melhora da economia do Brasil, com tem mostrando alguns indicadores.

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“O PMI Industrial do Brasil, com a maior alta em oito meses, deixa o Ibovespa um pouco mais otimista, que vem refletindo os bons números do mercado de trabalho divulgados ontem Pnad”, avalia Israel. O Índice de Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) industrial do Brasil avançou a 54,2 pontos em maio, após 51,8 pontos em abril.

Porém, o ganho moderado reflete incertezas sobretudo no campo inflacionário, em meio à alta de mais de 2% do petróleo no exterior. “Isso acaba gerando mais inflação”, destaca o especialista da Blue 3.

A moderação dos mercados é atribuída por especialistas em parte a preocupações com a evolução da economia mundial, rodeada de incertezas a respeito da inflação alta e do crescimento baixo. Para se ter mais informações sobre essas variáveis e ainda sobre a dinâmica da política monetária mundial, o mercado espera discursos de membros do Federal Reserve (Fed) e a divulgação do Livro Bege. O documento sai à tarde e pode ajudar o mercado nas estimativas em relação à velocidade da alta do juro americano. Na seara de indicadores, o PMI industrial dos EUA caiu de 59,2 em abril a 57,0 em maio, ficando abaixo do esperado (57,3).

“Preocupações com a inflação global limitam a recuperação. Os mercados acionários operam com
ganhos, embora modestos. O alívio na aversão ao risco reflete a reabertura das atividades em Shanghai Xangai, com retomada dos serviços de ônibus e metrô e conexões ferroviárias com o restante do país”, descreve em nota o Bradesco.

Apesar do ritmo moderado dos mercados de ações, Pedro Galdi, da Mirae Asset, vê possibilidade de novos ganhos do Ibovespa em junho. Ressalta que após saída de investimento estrangeiro da B3 em maio até o dia 30, de R$ 7,985 bilhões, há entrada na média diária, sendo três pregões seguidos de ingresso. No ano, está positivo em R$ 49,665 bilhões.

“Isso ajuda, dado que nossa dependência do capital externo é grande. E há ativos com preços atraentes”, diz, ponderando que é importante acompanhar os sinais do Fed sobre a política monetária. “Se houver mudança em relação à política de juros dos Estados Unidos indicação alta maior do que 0,50 ponto, pode ter reviravolta. Tem ainda a China, que precisa acompanhar”, completa Galdi

Internamente, o debate acerca dos preços dos combustíveis segue no radar dos investidores. Ontem, os Estados propuseram o aumento da taxação de empresas de petróleo como forma de compensar perda com teto de 17% para o ICMS de energia, combustíveis, gás e telecomunicações.

A Câmara aprovou ainda um requerimento para tramitação em urgência de um projeto de lei de autoria do líder do PT, Reginaldo Lopes (MG), que prevê regras de transparência para a composição dos preços da Petrobras. O texto ainda precisa ser votado.

Às 11h13, o Ibovespa cedia 0,03%, aos 111.315,45 pontos, ante máxima diária a 111.860,33 pontos (alta de 0,46%) e mínima aos 111.168,55 pontos (-0,16%). Ações ligadas a commodities metálicas sobem em bloco.

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