
Mesmo com a decisão de Santo André, São Caetano e São Bernardo, em reforçar a orientação para uso de máscaras de proteção entre moradores, a ação ainda não faz parte dos planos de outras cidades da região. O debate sobre o reforço da orientação do uso de máscaras ainda não é regional. Em nota, o Consórcio Intermunicipal Grande ABC informa que até o momento essa questão não foi discutida de forma colegiada.
Em entrevista ao RDtv, desta quarta-feira (25), Geraldo Reple Sobrinho, secretário de Saúde de São Bernardo e presidente do Cosems (Conselho dos Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo), aponta que as cidades vivem realidades diferentes e, por isso, as decisões devem ser locais. “Acredito que as ações serão definidas por cada cidade, que deve monitorar a saúde, avaliar e tomar as decisões necessárias para conter o avanço das doenças nesse momento”, diz.
Ribeirão Pires ainda segue o Plano São Paulo, do governo do Estado, que libera o uso de máscaras em locais públicos e fechados, e mantém a obrigatoriedade do uso somente em estabelecimentos de saúde. A cidade não verificou aumento nos casos de síndromes gripais, no último mês, segundo informa a nota.
Mauá também não sinaliza a possibilidade de reforçar o uso de máscaras, sem que haja uma definição em âmbito regional ou estadual. O município informa que segue o monitoramento da situação junto ao governo do Estado e as discussões no âmbito do Consórcio Intermunicipal e, no entanto, até o momento não há uma definição conjunta sobre o assunto.
Em Rio Grande da Serra, a Prefeitura informa que dará início à campanha para recomendar o uso de máscaras em espaço público, mas sem previsão do início. Atualmente, o uso obrigatório de máscaras na cidade segue somente nos equipamentos de saúde.
Diadema mantém em vigor, desde março, por meio de decreto municipal, o uso obrigatório de máscara em serviços de saúde, transporte público e escolas da cidade (salas de aula e locais fechados), assim como uso de álcool gel, lavagem das mãos, manter os ambientes ventilados e evitar aglomerações. Em nota, a Prefeitura informa que, em maio, não foi observado aumento de síndromes respiratórias comparadas com meses anteriores e mesmo assim ainda mantém a regularidade da Sala de Situação, com reuniões semanais entre representantes da rede assistencial para monitorar a situação epidemiológica na cidade.
Integrar à cultura
Segundo o pneumologista Elie Fiss, professor titular de Pneumologia do Centro Universitário da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), a máscara de proteção, descartável ou de pano, é fundamental para diminuir a transmissão e o contágio por doenças respiratórias e a sua utilização deve ser integrada ao cotidiano dos brasileiros, assim como é em outros países, a exemplo dos asiáticos.
Já é comprovado cientificamente a eficácia do item de proteção. “A máscara é a grande aliada para evitar doenças respiratórias. Nós já temos vacinas, que asseguram que as doenças evoluam para sua forma mais grave. Além da máscara e de manter a vacinação atualizada, também é importante incorporar hábitos de higiene como lavar as mãos frequentemente e utilizar álcool em gel”, explica Fiss. “É pelas mãos que também facilitamos o contágio por diversas doenças. Já é comprovada a necessidade de manter as mãos higienizadas. Esses hábitos não podem se perder”, aponta.
Aumento de casos de síndromes respiratórias
Desde a semana passada, Santo André, São Caetano e São Bernardo reforçaram as recomendações para a utilização de máscaras de proteção em ambientes fechados e aglomerados, pois com a chegada do frio houve aumento dos casos de doenças respiratórias, principalmente em escolas. “Com o frio, as pessoas ficam em locais fechados e sem a devida ventilação, por isso há o aumento da transmissão de doenças respiratórias. Portanto, o reforço das medidas de segurança e a orientação dos munícipes se faz necessária. No outono e inverno sempre há aumento da circulação dos vírus da influenza, para influenza, adenovírus, entre outros, e o coronavírus agora faz parte dessas doenças”, afirma Elie Fiss.
Em live realizada terça-feira (24/5), o prefeito de Santo André, Paulo Serra, falou sobre o uso de máscaras na cidade, que registrou em maio, aumento de 36% dos casos de covid-19, sem reflexos no número de internações. “É comum ter aumento dessas doenças respiratórias no frio. A recomendação do uso de máscaras é feita para evitar possível surto e a necessidades de medidas mais restritivas, como obrigatoriedade do item. Contamos com o bom senso e consciência da população. Ainda estamos retomando a economia e não podemos parar”, afirma.
A recomendação na cidade também atinge as escolas. Segundo Serra, o novo protocolo de segurança orienta que as escolas determinem o uso obrigatório de máscaras à toda comunidade escolar por sete dias, quando houver a confirmação de um caso de covid-19, para evitar surtos e manter o controle da doença. “Se durante o período surgir um novo caso, a contagem recomeça. Queremos, assim, evitar fechamento de salas ou unidades, e garantir o ensino dos nossos alunos”, explica Serra.
A primeira cidade a reavaliar os protocolos de segurança foi São Bernardo, no dia 20. Por meio de decreto, a cidade oficializou a recomendação para uso do acessório em todos os locais públicos, com ênfase em escolas municipais, estaduais e particulares. “A população está antenada e atenta. Nas escolas, por exemplo, já é possível observar os pais levando os filhos com máscaras nas escolas. Isso é gratificante”, afirma Reple.
São Caetano seguiu os passos e, por meio das redes sociais, o prefeito José Auricchio Júnior, e a secretária de saúde, Regina Maura, reforçaram as recomendações de higiene entre os moradores, na última segunda-feira (23).
Quando é essencial usar a máscara?
Segundo Fiss, é importante que as pessoas se atentem aos locais mais fechados e de uso coletivo, que tenham pouca ventilação. Além disso, também é preciso estar atento a sintomas gripais. “Qualquer pessoa que esteja com qualquer sintoma respiratório ou gripal (tosse, coriza, espirro, entre outros) deve utilizar a máscara e proteger seus entes queridos e amigos, seja em casa, no trabalho ou na escola. Você evita a transmissão. E quem estiver sem sintomas deve usar, principalmente em locais fechados, para evitar o contágio”, orienta o pneumologista.
As máscaras de proteção devem ser trocadas com frequência. “A descartável a cada 4h, pelo menos. Já as de pano, é preciso estar atento, assim como para a descartável, se sentir que está úmida, faça a troca. A máscara úmida facilita a proliferação dos agentes biológicos. Substitua o item”, alerta Fiss. Outro ponto importante é que as máscaras devem cobrir o queixo, boca e nariz, além de serem justas ao corpo. Não se deve retirar o item ao falar com outras pessoas e a peça deve ser manipulada com as mãos limpas (com álcool gel, caso não consiga lavá-las).