Regina Maura Zetone renunciou ao cargo de presidente da Fundação do ABC (FUABC) nesta segunda-feira (18/4). Segundo nota emitida pela OSS (Organização Social de Saúde), o pedido para deixar o cargo foi de “foro íntimo e questões familiares”. O procurador-geral de São Bernardo e vice-presidente da Fundação, Luiz Mario Pereira de Souza Gomes, ficará como interino até que um novo nome seja escolhido.
A ex-secretária de Saúde de São Caetano assumiu o comando da FMABC em 13 de janeiro, após acordo entre os prefeitos Paulo Serra (Santo André), Orlando Morando (São Bernardo) e José Auricchio Júnior (São Caetano). A escolha foi feita pelo andreense após diversos atritos internos entre os chefes de Executivo, algo que também envolve o cenário eleitoral de 2022.
Regina entrou com o objetivo de organizar as contas da Fundação, os contratos e as ações para reduzir a fila de exames, consultas e cirurgias nas cidades em que é mantenedora. A então presidente chegou a relatar que a entidade não tinha qualquer intenção em assumir o comando da Saúde em outros municípios que não fossem do ABC.
Em abril, a Fundação do ABC acabou alvo de uma polêmica após perder o edital que entregou para SPDM o comando das áreas de emergência e urgência de Santo André, o que irritou a Faculdade de Medicina do ABC e seus alunos, pois há 50 anos os futuros médicos formados pelo Centro Universitário estagiavam ou realizavam suas residências nestas áreas.
Logo após o estouro desta informação, Regina anunciou que entraria em uma licença de 10 dias para resolver problemas particulares. O vereador de Santo André, Ricardo Alvarez (PSOL), chegou a divulgar um vídeo afirmando que recebeu uma informação de que a médica estava renunciando ao cargo, o que só foi confirmado nesta segunda, mesmo dia em que Regina Maura teria que retornar.
Repercussão
“Percebi que ao longo dos últimos 15, 20 dias que as questões pessoais envolvidas para a gestão dos negócios da família faziam com que ela não conseguisse se dedicar com o amor e a devoção que ela se dedica a causa pública, então eu vi a dor dela ao se afastar, muito mais as reflexões nos últimos 10 dias com o afastamento e a tomada de decisão da renúncia, isso ficou claro para mim. Sem dúvida nenhuma agora uma nova etapa de diálogo entre os nossos prefeitos instituidores e mantenedores – Santo André, São Caetano e São Bernardo, se faz necessária. Venho dialogando com o nosso prefeito, estive recentemente com o prefeito de São Caetano, Auricchio, que é médico da Faculdade de Medicina do ABC. Tenho mantido diálogo com o vice-presidente da nossa Fundação que é uma indicação de São Bernardo. Tenho uma relação de mais de 25 anos com o prefeito de São Bernardo e quero funcionar como um parceiro nesse processo”, disse o secretário de Saúde de Santo André, José Police Neto.
“A queda da Regina Maura, presidenta da Fundação do ABC, era carta marcada. Nosso mandato inclusive, com exclusividade, já havia falado da saída dela a 15 dias atrás. Veio uma licença, mas a licença não impediu a saída. Existe uma crise instaurada dentro da Fundação do ABC que envolve um domínio de um orçamento muito suculento e indicações políticas. Os três prefeitos de Santo André, Serra, de São Bernardo, Morando, e de São Caetano, Auricchio, estão se engalfinhando pelo domínio da instituição e isso acaba refletindo de maneira negativa na Saúde dos três municípios”, disse o vereador de Santo André, Ricardo Alvarez (PSOL), que pretende convocar Luiz Mario, presidente interino da Fundação para explicar a atual situação da entidade.
“Eu não vou nem confirmar e nem tirar a fala de que é uma crise política. É uma crise, se é política nós temos que discutir profundamente. Eu queria fazer um adendo, desde que esse conjunto de administrações de 2016 começaram nós podemos ter todos os tipos de crise do ponto de vista da gestão da Fundação, mas em nenhum momento você viu em malversação do recurso, cabide de emprego, etc., etc”, começou o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB).
“Nós não vamos sanear essas crises enquanto não mudarmos a forma regimental de condução da presidência. Você não pode ter uma entidade com o potencial econômico que ela tem, tem R$ 3 bilhões de orçamento, mais de 20 mil colaboradores, onde você tem um presidente honorífico. Como você pode ter um presidente honorífico?”, questionou o sul-sancaetanense.
(Informações: Carlos Carvalho e Leandro Amaral)