O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (CREA-SP) promoveu o Simpósio Nacional de Cidades Inteligentes, com foco no debate público sobre uso da tecnologia para melhorar a vida das pessoas. A ação nasceu a partir do diagnóstico de indicadores de cidades inteligentes dos 645 municípios paulistas. Na região, o CREA-SP analisou a cidade de Santo André e indica a necessidade de ações de melhoria da mobilidade urbana, com foco na diminuição do uso de carros pela população, como aponta Vinícius Marchese, presidente da entidade, em entrevista ao RDtv.
Em fevereiro deste ano, o Governo do Estado apresentou o projeto da linha 20-Rosa que vai ligar a zona oeste da Capital com Santo André e São Bernardo. “Pensando já nesse planejamento, as propostas visam não priorizar o automóvel como principal transporte. É preciso mudar a cultura das cidades, priorizando outros meios de transportes, já que Santo André é uma das regiões que mais utiliza carros, proporcionalmente, em todo Estado”, afirma Marchese. “O ABC tem potencial de implementação, melhoria e evoluções de projetos”, diz.
Para o diagnóstico, feito em diversas cidades de São Paulo, o CREA avaliou índices sobre população, iluminação, conectividade, saneamento e mobilidade, e comparou à perspectiva de realidade obtida em um monitoramento realizado nos municípios. O resultado, além de apresentar o cenário de cada cidade, também traz 160 propostas de projetos que podem ser desenvolvidos para cada área. “As propostas levam em consideração a realidade daqueles que vivem o dia a dia nas cidades, por isso os gestores públicos precisam ouvir a população e entender as suas necessidade, para assim optar por soluções eficientes”, defende o presidente ao ressaltar que as ações não devem ser criadas somente em gabinetes, é preciso utilizar também apoios técnicos.
Um dos cases de sucesso citado por Vinícius Marchese é a cidade de Medellín, na Colômbia, que em uma parceria entre gestão pública, universidades e moradores, conseguiu reverter o status de cidade mais violenta para o de cidade mais inteligente do mundo, com projetos de baixo custo e alto impacto na vida da comunidade.
Na questão da mobilidade urbana, Medellín foi a primeira cidade à utilizar o teleférico como meio de transporte interligado às linhas de ônibus e metrô, o que facilitou o acesso dos moradores que vivem nos morros e montanhas à parte mais baixa da cidade. “As cidades precisam melhorar os serviços para as pessoas. Quando falamos em cidades inteligentes, falamos em uma cidade que funciona. Não necessariamente envolve o uso de tecnologia, essa é uma das ferramentas necessárias. Outra ação necessária é a capacitação dos agentes públicos para a melhoria dos serviços “, explica Marchese.