
Em fevereiro deste ano, a Associação Amigos de Bairros do Jardim Silvia e Adjacências e Família Torino protocolou junto à Prefeitura de Mauá um pedido de concessão de parte de um terreno público, localizado entre dois condomínios residenciais na rua dos Ipês, no Jardim Estrela, para a construção da sede da instituição. Na madrugada de 5 de março, moradores da região e membros da associação foram surpreendidos pela ocupação irregular do local por um grupo do movimento MLB (movimento de luta nos bairros, vilas e favelas).
O presidente da sociedade amigos de bairro e líder comunitário, João Batista de Araújo, que mora na região há 35 anos, aguardava a liberação da concessão do terreno pela prefeitura, para a ampliação do atendimento às famílias do bairro. “Precisamos de uma sede para ter aprovação por parte do governo e dar início à distribuição de leite e também estamos cadastrados em um projeto de distribuição de hortifrutis”, explica Araújo, ao ressaltar que a associação já promove a distribuição de cestas básicas e atende cerca de 50 famílias por mês.
Todo trabalho é feito, no momento, na garagem da casa do presidente da associação. “Eu, o vice e líder comunitário, Agnaldo Salvador Felipe, e toda a diretoria, temos o sonho de realizar um projeto de sopão da noite e pão para catadores de reciclagem e de ter a nossa própria horta comunitária, por isso solicitamos a concessão do terreno”, conta Araújo, que afirma ter todo apoio da prefeitura neste momento.
Há quatro anos, a associação de moradores cuida do terreno e já promoveu a colocação de cerca, limpeza e placas sobre orientação do descarte irregular de lixo. “Os moradores não aceitam a invasão, o local tem minas de água e flora. Deve ser preservado, é um lugar de manancial”, defende Araújo.
Representantes de moradores dos condomínios residenciais Parque das Flores e Ipê, localizados ao lado da área ocupada, participaram de uma reunião com membros da Secretaria de Habitação de Mauá e enviaram resumo da reunião para os demais moradores. O documento informa que o MLB conseguiu uma liminar junto ao judiciário, que resguarda o direito de permanecerem no terreno da Rua Ipê. “A Prefeitura iniciou o processo para juntar evidências e entrar com um pedido de cassação da liminar junto ao judiciário”, escreve.
Mauá

Em nota enviada à associação, a Prefeitura de Mauá informa que mantinha diálogo permanente com movimentos sociais de luta por moradia e que foi surpreendida pela ocupação do terreno. “Importante ressaltar que parte das pessoas que participou dessa ação já estava sendo assistida pela administração pública por integrar outra ocupação na cidade sob responsabilidade do mesmo movimento”, declara.
O documento afirma, ainda, que a administração apresentou propostas como a continuidade da intermediação que envolve famílias já cadastradas pelo governo, a realização de novo cadastro às famílias que participaram da ocupação, bem como avaliação individual dos casos para inclusão em programas como aluguel social, principalmente das pessoas que alegam terem sido vítimas das chuvas. Esse motivo é o argumento utilizado pelo movimento para a ocupação do local e a situação é negada pela Defesa Civil da cidade.
O município solicitou a saída imediata dos ocupadores do terreno público, mas recebeu uma negativa por parte do movimento. “A Prefeitura está disposta a esgotar todos os esforços para encontrar um caminho para a solução desse problema. No entanto, no caso de não haver acordo, o poder público adotará as medidas necessárias” finaliza a nota.
Apoio ao Esporte
Hoje, a Associação Amigos de Bairros do Jardim Silvia e Adjacências e Família Torino conta com o envolvimento de 20 moradores. A instituição também atende atletas da equipe Torino Futebol Clube, fundada em 1989. “A sede também será usada pelos familiares dos jogadores, que estiverem dentro dos requisitos, para receber leites e hortifrutis quando começarem as doações. Mas precisamos da sede para isso”, conclui o presidente.