Está prevista para este sábado (05/3) carreata entre o bairro Campestre e o Paço Municipal de Santo André, que visa pedir mais segurança em 18 bairros da cidade. O objetivo dos organizadores é entregar a representantes da Prefeitura uma carta que, entre outras questões, pede o aumento do efetivo das polícias Civil e Militar e aumento de salários, questões que não são atribuições do município, bem como redução da maioridade penal e mudanças no sistema de penas, que somente o Congresso Nacional pode fazer. A carreata sai às 15h da avenida Dom Pedro II em direção ao Paço.
Segundo Cleber Kacinskis, um dos organizadores do ato, o objetivo é chamar a atenção das autoridades para o tema segurança e discutir as questões que dificultam o desempenho das polícias. “Esse movimento começou com os comerciantes e teve adesão dos moradores e síndicos de condomínios. No bairro Campestre, por exemplo, temos muitos assaltos cometidos por motociclistas”, comenta.
Segundo o morador, o ato é para “ajudar a polícia”. “Em Santo André apenas o 6° Distrito Policial funciona 24h, e a cidade é muito grande, as viaturas perdem muito tempo em deslocamento indo e vindo de lá quando poderiam estar patrulhando a cidade. Encaminhamos via ofício, através do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) o pedido para ampliação da Atividade Delegada também para a Polícia Civil”, disse o morador em relação ao programa em que a Prefeitura contrata os policiais para atividades específicas.
A comerciante Elda Alves da Silva, que até bem pouco tempo foi síndica de um condomínio no bairro Jardim, disse que todos os bairros estão com problemas de segurança. “Não é culpa do município, é preciso uma integração maior com o Estado. Santo André tem 16 entradas e saídas e é preciso ter mais Detecta (sistema de câmeras que identifica as placas dos veículos). Ninguém está errado, nem a PM, nem a Polícia Civil, nem a Guarda Civil Municipal, o Estado é que deixa a desejar”, diz a moradora que participa da organização do ato. Ainda de acordo com ela a segurança dos prédios tem se modernizado e é preciso que o poder público também acompanhe o processo. “No meu prédio foram instaladas 64 câmeras e em todo o sistema, que inclui os porteiros, o condomínio gasta entre 55% e 60% da sua receita”, comenta.
A PM informa que vai acompanhar a carreata e o ato no Paço para garantir a segurança dos manifestantes. O coronel Paulo Sérgio de Melo, comandante do 10° Batalhão da Polícia Militar, que responde pelo policiamento de Santo André, diz que assim que soube da manifestação tentou uma reunião com os organizadores. “Conseguimos um local e agendamos uma data, mas eles não quiseram”, explica. Sobre a atividade delegada, o comandante diz que ela foi aprovada pela Câmara municipal em 2017 e já está na Secretaria de Segurança Pública. “Esse processo está subindo na secretaria para então o prefeito e governador assinarem o termo”, detalha.
Melo diz também que o Programa Vizinhança Solidária, em que os moradores se reúnem em grupos, com a orientação da Polícia Militar e ajudam a monitorar a rotina das ruas do bairro, acabou sendo usado, em uma situação que já está sendo investigada pela Polícia Civil, para vender segurança particular. “Eu recebi essa denúncia e repassei para a Civil investigar. Se for confirmado que pessoas pagaram isso configura estelionato”, comenta.
Quanto aos grupos oficiais, instalados pela PM, há 90 Vizinhanças Solidárias instaladas no ABC, destas 47 estão em Santo André. O comandante do 10° Batalhão diz que há também disseminação de notícias falsas ou distorcidas com o objetivo de criar pânico. “Por exemplo, tivemos recentemente o sequestro de um menino, que foi muito divulgado, mas o que não foi dito é que a PM prendeu três suspeitos e a vítima foi libertada ilesa. O que existe de fato é que Santo André tem mais roubos e furtos de automóveis, isso porque tem mais carros que as demais cidades. Prendemos, recentemente, um homem em flagrante por furto e ele estava sendo preso pela 10ª vez pelo mesmo crime. Ele atuava na região da avenida Industrial, Dom Pedro e rua dos Coqueiros. Infelizmente existem redes de desmanches em Santo André e em São Paulo que alimentam esse mercado negro de peças”, afirma.
O coronel Paulo Sérgio de Melo diz também que os bairros da periferia andreense mereceram atenção porque neles ocorriam muitos roubos de celular em pontos de ônibus por indivíduos em motocicletas. “Isso vinha acontecendo muito na Tamarutaca e Oratório e conseguimos bom resultado mudando o horário das rondas, e com o apoio da GCM. Era absurda a covardia dos bandidos ao atacar trabalhadores a caminho do serviço”, comenta.
Até o comandante da PM no ABC, coronel Gilson Hélio Jesus dos Santos ,falou sobre o tema em entrevista ao RDTv desta sexta-feira (04/3). Diz que Santo André é a que possui o maior volume de Vigilância Solidária, cada programa está ligado a um policial que efetua o contato sobre as questões do bairro. É o maior elo da Polícia Militar com a população. “Foram procuradas essas pessoas organizadoras do ato, para tentar entender e o que me chegou é que é uma reivindicação por segurança, algo bem genérico. Todos os bairros em que há aumento de determinado crime estamos direcionando o policiamento. O Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) também tem destacado pessoal para esses bairros e vários locais, acredito que a população tem visto isso. Estamos tentando unir as pessoas interessadas na mudança no cenário na região, mas sem interesse político”, resume.