Levantamento realizado pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) aponta que a cesta básica composta por 34 itens, como arroz, feijão, macarrão, bem como carnes, legumes, hortaliças, frutas e alguns itens de limpeza e higiene pessoal, chega ao valor de R$ 1.008,22, em fevereiro, um crescimento de 40% com relação ao mesmo período em 2020 e de mais de 17%, comparado a fevereiro do ano passado.
O estudo, coordenado mensalmente pelo engenheiro agrônomo Fábio Vezzá de Benedetto, engloba 34 itens entre cerca de 30 mercados e supermercados do ABC. “Foi a primeira vez que o valor da cesta básica ultrapassou quatro dígitos. Em janeiro, o levantamento apontou que o valor da cesta básica, suficiente para uma família com dois adultos e duas criança, custava em média R$1.002. É um valor muito alto”, ressalta, Benedetto.
Dos 34 itens avaliados, 20 apresentaram elevação de preços entre fevereiro e janeiro deste ano. A maior alta nos preços ficou por conta da alface crespa (unidade), com aumento de 26,74%, em fevereiro com relação ao mês anterior, e da batata (quilo), com elevação de 18%. “A alta se dá principalmente por conta das extremas variações climáticas, as chuvas foram muito intensas em dezembro e janeiro, o que dificultou a produção das hortaliças, legumes e frutas. E isso reflete agora”, explica Benedetto. “A pandemia e a crise econômica também colaboram para a alta nos valores”, afirma.

O engenheiro agrônomo dá dicas sobre opções de alimentos mais baratos, que podem substituir a alface, por exemplo, e mudar os hábitos de consumo para economizar. A sugestão é trocar os itens e consumir repolho, abóbora, milho verde, que são mais resistentes e em abundância. “Podemos fugir do básico e mais tradicional. Fazemos levantamento dos alimentos mais comuns e com maior consumo entre as pessoas”, explica ao indicar que os períodos próximos a pagamentos costumam ser os mais caros. “As promoções acontecem mais ao final do mês, quando as pessoas já fizeram o abastecimento e aguardam novo pagamento”, orienta.
Dentre os itens com preços mais elevados ainda estão a carne bovina de primeira (coxão mole), com valor médio de R$44,90, que sofreu uma elevação de 2,28% em fevereiro, comparado ao mês de janeiro; e o café continua com preço elevado e custa em média R$18,47, e registra uma elevação de 7,15%, com relação ao mês anterior. “O café tem acumulado alta no preço, isso se dá por conta do aumento nos custos dos insumos para a produção e também pela alta da gasolina”, diz Benedetto. Em fevereiro de 2021, o café registrava o preço médio de R$9 nos estabelecimentos comerciais consultados, em fevereiro deste ano, o valor sofreu um reajuste de 103%.
Queda de preços
A pesquisa também registrou queda no valor de alguns itens, como a carne de segunda e frango. O quilo do frango resfriado ficou de 13% mais barato, com relação a janeiro, seguido pelo acém (carne de segunda) que registrou quase 6% a menos no valor, com relação a janeiro. O tomate também apresentou queda no valor (5,72%). “A pesquisa não contempla tudo o que uma família necessita, apenas o básico. Ainda não inclui outros gastos como desodorante, shampoo, escova de dentes, dentre outros itens de limpeza. Nas próximas pesquisas, podemos verificar uma baixa no preço de alguns itens, mas dificilmente, diante do cenário econômico atual, o valor da cesta básica sairá dos quatro dígitos”, completa Benedetto.