O ABC, assim como muitas regiões do País, enfrenta dificuldade no cenário econômico causado pela pandemia do coronavírus e pela atual situação política que, somada ao ano eleitoral, traz mais instabilidade à indústria. Para o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), em São Bernardo, uma saída para o fortalecimento econômico da região será a união de esforços entre principais instituições locais, como as outras unidades do Ciesp, associações comerciais e poder público, com foco numa mesma estratégia, alavancar o desenvolvimento do ABC.
À frente do Ciesp SBC desde 1º de janeiro, Mauro Miagutti defende ações que tragam identidade econômica à toda região. Para o diretor regional, o ABC ainda é visto por muitas outras cidades pelo cenário vivido nos anos 1980, tempos de lutas sindicais, em que a relação entre trabalhador e empregador era difícil. “Esse cenário mudou e precisamos mostrar isso, mas devemos pensar: queremos ser vistos de que maneira?”, indaga, durante entrevista ao RDtv, desta terça-feira (8/2).
Miagutti acredita que essa mudança sobre imagem é fundamental para que o ABC ofereça um ambiente mais seguro para a manutenção das empresas já instaladas e atração de novos empreendimentos, com foco na geração de emprego e renda”, afirma ao adiantar que as diretorias do Ciesp na região já promoveram uma conversa sobre o assunto e o próximo passo é elaborar qual estratégia será adotada para que essa união das entidades aconteça de fato.

Reunião foi realizada ainda nesta terça-feira entre o Ciesp SBC e o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico Grande ABC, Aroaldo Oliveira da Silva, para tentar dar o primeiro passo na discussão regional. “E demos, pois foi uma conversa muito promissora, ele tem visão estratégica e já sinalizou que vai somar esforços”, conta.
Para o diretor, é preciso uma aliança política para traçar qual será o foco a longo prazo, e partir dessa meta, desenvolver ações como a busca por cursos técnicos ou de graduação que garantam a mão-de-obra e supram as necessidades da região, trazer produtos e serviços que agreguem a essas empresas, como atrair empreendimentos de tecnologia que atendam as montadoras de veículos, entre outras ações. “Temos de pensar à frente, senão as nossas empresas vão sucumbir”, ressalta ao afirmar que políticas públicas municipais também são importantes, pois ajudam a manter e atrair empresas. “Sofremos a concorrência de outras cidades e, até mesmo, de outros Estados, que possuem melhores incentivos”, diz.
Pandemia
Miagutti observa que a pandemia provocou importantes mudanças para as empresas, como maior preocupação do empregador com relação ao bem estar e saúde do empregado. “O maior patrimônio de todas as empresas são os seus colaboradores”, afirma.
O novo diretor regional do Ciesp também vê a necessidade do poder público em estudar leis de incentivos, além de fiscais. “O mercado mudou, a economia mudou, as relações de trabalho mudaram. Esse é o momento de repensar também as ações de incentivos voltados às empresas”, completa.
Metas da Ciesp
Na regional até 2025, Miagutti já realizou desde que assumiu em janeiro mudanças significativas, como ampliação de seis para 17 diretorias. O objetivo é mapear São Bernardo e encontrar as empresas que existem na cidade. “Dividimos algumas diretorias como a de Tecnologia, que agora é focada em educação e outra em produção. Criamos também cinco diretorias que atuarão em regiões da cidade”, diz. Com isso, o Ciesp mapeará áreas e desenvolverá planos de ações específicas às necessidades de cada região. “Vamos nos aproximar das empresas, ouvir e entender os seus anseios, e traçar metas de trabalho”, explica.
Atualmente, o Ciesp São Bernardo conta com 180 indústrias associadas. Do total, cerca de 80% são formadas por médios, pequenos e micro empreendedores. “Estamos trazendo novas lideranças para a instituição, que vai compor o setor que tem foco no empreendedor. Vamos inovar e renovar este setor”, afirma.