O verão demorou a chegar, o início da estação foi marcado por temperaturas amenas, no fim do ano passado. Em 2022, as duas primeiras semanas do ano registraram fortes chuvas em todo País, inclusive no ABC. As setes cidades da região sofreram com pontos de alagamentos, que causaram danos aos moradores. Para solucionar o problema das enchentes, o poder público recorre a métodos paliativos e considerados, até mesmo, ultrapassados. “Muito dinheiro público é gasto para a construção de piscinões, muito comum no ABC, mas o tipo de intervenção é caro e ineficiente. Existem outras alternativas mais baratas e muito mais eficazes, como a construção de jardins de chuva”, diz a professora Marta Marcondes, bióloga e coordenadora do projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos, da USCS (Universidade de São Caetano), em entrevista ao RDtv.
Os jardins de chuva são ainda pouco utilizados no Brasil. A técnica consiste na inserção de áreas verdes (grandes ou pequenas), espalhadas em pontos estratégicos da cidade, no meio urbano para auxiliar na retenção e absorver o escoamento das águas que fluem de calçadas e vias, e no residencial, para absorção da água de telhas, pátios e passeios. Além dos jardins de chuva, Marcondes aponta para outras ações que devem ser executadas em conjunto como cuidar das encostas de rios e córregos, e manter os locais com sua vegetação nativa.
Nesta semana, a temperatura na região continua em alta e pode chegar aos 34ºC, com possibilidades de chuvas, conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Essas mudanças climáticas são causadas por muitos fatores, dentre eles a ação do homem na natureza e a urbanização “Para formar as cidades tivemos a retirada de muitas florestas e impermeabilizou o solo, a vegetação é responsável por amenizar as fortes ondas de calor, e em áreas verdes, a água é melhor absorvida”, explica.
A falta de diálogo entre agentes do poder público, pesquisadores e universidades faz com que as gestões optem por políticas públicas ineficazes e atrasadas. “Aqui na região nós temos grandes universidades, como a USCS, que já têm projetos, como o IDH, e que podem colaborar com as gestões públicas para estudar e apresentar propostas viáveis para solucionar problemas. Além do diálogo, é preciso investir em pesquisas”, afirma.
Mas a ação da população é fundamental para a preservação do meio ambiente, o que reflete na diminuição de problemas como enchente. Moradores podem realizar algumas práticas, como não despejar resíduos em córregos e rios, evitar colocar o lixo na via fora do horário de coleta, evitar despejo de entulhos e móveis em vias e encostas, entre outros. “Se você mora em uma casa e tem quintal, faça a plantação de uma árvore e coloque algum tipo de vegetação, faça um jardim. Se mora em apartamentos coloque plantas em vasos mesmo. Dessa maneira você colabora com a manutenção do meio ambiente. É preciso pensar em ações locais, antes de atingir o global”, diz.