ABC - terça-feira , 30 de abril de 2024

Queima de equipamento busca barrar garimpo

As ações federais de repressão ao garimpo ilegal ao longo do Rio Madeira, no Estado do Amazonas, avançaram ontem pelo segundo dia, com a destruição de todos os equipamentos encontrados pelos agentes da Operação Uiara. O Estadão acompanha as ações de fiscalização no local.

Ao menos 31 balsas e 69 dragas, que são os equipamentos usados para sugar o leito do rio, já foram destruídas pela operação, que reúne agentes de Polícia Federal, Ibama, Marinha e Aeronáutica. O que se pretende com esse gesto, que é frequentemente criticado pelo presidente Jair Bolsonaro, é inviabilizar o maquinário utilizado para a prática do crime ambiental.

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LEGISLAÇÃO

A ação tem previsão legal e é regulamentada. O prejuízo financeiro causado aos donos dos equipamentos acaba retardando os planos dos empresários do garimpo de retomarem as operações. Apesar da estrutura precária das balsas que diariamente é enfrentada pelos garimpeiros que operam os equipamentos – muitas vezes acompanhados de suas famílias -, geralmente eles não são os donos do equipamento. Trata-se, na maioria dos casos, de pessoal que presta serviços para terceiros que financiam a operação.

As balsas em si são baratas, por se tratar de estruturas feitas, basicamente, de madeira. O maquinário colocado sobre elas, porém, é equipamento pesado, com preço que pode oscilar de R$ 50 mil a R$ 1 milhão. Em alguns casos, estruturas mais bem equipadas chegam a ultrapassar esse valor, segundo os agentes policiais.

A queima é feita com o próprio combustível encontrado nas estruturas, que normalmente carregam grandes tanques de plástico com centenas de litros de gasolina. Em cerca de cinco minutos, o fogo se alastra e coloca tudo abaixo. Com o calor extremo, os equipamentos de ferro costumam dilatar, comprometendo uma nova utilização. Com o afundamento no leito do rio, torna-se item irrecuperável.

O recolhimento desse material também não costuma ser feito pelos agentes, dadas as difíceis situações logísticas nas quais são encontrados. O transporte do equipamento, além de ser complexo, também pode colocar os próprios agentes em novas situações de risco.

PRISÃO

Neste domingo, duas pessoas foram detidas durante a abordagem policial. Elas estavam com ouro e foram encaminhadas à superintendência da Polícia Federal do Amazonas, em Manaus. A operação policial começou na madrugada do sábado. Depois de dezenas de abordagens feitas na região de Autazes e Nova Olinda do Norte, no Estado do Amazonas. A Operação Uiara, batizada com a palavra que tem origem na língua tupi e significa “mãe da água”, segue para o trecho do rio que corta o município amazonense de Borba.

O Estadão acompanhou uma dessas destruições nas margens do Rio Madeira, na altura do município de Nova Olinda do Norte, por agentes da Polícia Federal. Ao abordarem a balsa, peritos da PF colheram itens pessoais deixados pelos garimpeiros e material retirado pelas dragas.

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