Conhecida como a doença do século 21, o surgimento da endometriose nas mulheres apresenta relação com humor de pacientes, conforme avalia Sérgio Makabe, ginecologista e diretor do curso de Medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul). De acordo com o especialista, ao apresentarem maior estresse ou variação de humor, as pessoas podem deixar de produzir anticorpos necessários para destruir células responsáveis por invadir a região abdominal e criar o tecido.
Makabe explica que, na medicina, a teoria imunológica para o surgimento da doença é uma das mais aceitas, e tem incidência de ocorrer entre 10% a 15% das mulheres jovens (idade reprodutiva). “Pacientes com endometriose têm perfil mais determinado, são pessoas mais ansiosas, estressadas, com maior tendência a depressão, então tem todo o perfil da pessoa que desenvolve a doença”, explica.
No período menstrual, o endométrio se descola do útero e origina a menstruação, que através das trompas, uma parte do material produzido é enviado para a cavidade abdominal. “Na hora que a mulher menstrua, o sangue reflui um pouco para a cavidade abdominal e essas células do endométrio caem no ovário e trompa, podendo se implantar e formar um novo tecido, gerando a doença”, explica o ginecologista em entrevista ao RDtv.
Apesar de nenhuma das teorias explicarem totalmente o surgimento da endometriose, o médico explica que a cólica crescente é o sintoma primordial, e pede atenção redobrada das mulheres. “Elas precisam se atentar ao aumento da dor durante os meses e anos, que por ser crescente chega a atrapalhar o dia a dia. Para se ter ideia, muitas vezes a jovem deixa de ir para a escola ou trabalho por conta dessas dores”, salienta.
Conforme explica o médico, as células podem se instalar em diversas partes da região abdominal, inclusive intestino e, ao criarem o tecido, causam sangramento como na menstruação. “Durante o período menstrual, a mulher vai evacuar e nisso evacua também o sangue, pois ele funciona como um tecido uterino, em que o corpo absorve o conteúdo sanguíneo e, após reter no abdômen, libera”, explica.