
Não há um número certo ainda, mas mais de 100 mil doses da vacina Coronvavac, produzidas pelo laboratório Sinovac, na China, e cujos lotes foram suspensos, já tinham sido distribuídas e aplicadas na região. São 25 lotes de vacinas produzidas em laboratório chinês que não foi inspecionado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A orientação para os municípios é que monitorem a população vacinada, mas não há notícias de reações. Médico ouvido pelo RD avalia que não há problemas.
Somente em São Bernardo foram aplicadas 48 mil doses de um dos lotes suspensos, que chegaram a ser aplicadas até que a Prefeitura fosse informada. “A Prefeitura realizou interlocução com a Secretaria de Saúde do Estado e Instituto Butantan e que toda a rede foi orientada a manter monitoramento dos vacinados, independentemente do imunizante administrado. Um lote desta descrição foi utilizado, o que representa, em torno de 48 mil doses. O município está próximo de registrar a aplicação de 1 milhão de doses. A rede de Saúde suspendeu o uso deste lote até próxima orientação do Estado e segue em monitoramento”, explicou a Prefeitura.
Diadema recebeu doses de um dos 25 lotes suspensos pela Anvisa. O lote J202106025 com 26 mil doses foi totalmente utilizado na imunização contra a covid-19 na cidade. A Prefeitura informou, em nota, que os munícipes foram informados para reportar qualquer intercorrência após a vacinação e diz que até o momento não foi informada de nenhum problema. “O município vai aguardar orientações técnicas das autoridades sanitárias sobre o monitoramento aos vacinados, mas ressalta que todo munícipe é orientado, no momento da primeira dose, a procurar a sua Unidade Básica de Saúde de referência caso apresente algum evento adverso pós-vacinação”, diz a Prefeitura ao acrescentar que não há mais doses destes lotes suspensos em estoque.
A vacinação em Diadema foi suspensa no feriado e na quarta-feira (8/9), a partir das 13h será retomada. A Coronavac divide com a Astrazeneca o posto de imunizante mais aplicado na cidade. Se consideradas apenas as primeiras doses, 41% foram de Astrazeneca, 37% de Coronavac, 19% de Pfizer e 3% de Janssen.
Santo André respondeu apenas que recebeu 42 mil doses de lote suspenso, mas não informou quantas foram aplicadas e diz também que aguarda orientações da Anvisa. As demais prefeituras da região não responderam ao questionamento do RD.
Em nota, o Instituto Butantan acredita que a Anvisa irá liberar o lote suspenso. “O Butantan esclarece que a medida da Anvisa não deve causar alarmismo. Foi o próprio Instituto que, por compromisso com a transparência e por extrema precaução, comunicou o fato à agência, após atestar a qualidade das doses recebidas. Isso garante que os imunizantes são seguros para a população. O Instituto Butantan encaminhou à Anvisa há 15 dias toda a documentação necessária para a certificação do processo de produção em que foram feitas essas doses. Por isso, tem convicção que ela será concedida em breve. Caso necessário, pode complementar a solicitação com mais dados, inclusive da Sinovac, caso a agência julgue necessário. O Butantan convida a cúpula da Anvisa para voltar a conhecer as instalações das fábricas da Sinovac, na China”, diz o comunicado.
O médico pneumologista e professor da Faculdade de Medicina do ABC, Elie Fiss, não vê problemas nas doses dos lotes suspensos terem sido aplicadas. “Não vejo problema, só por não ter sido inspecionado; o Butantan liberando eu confio”, resumiu o especialista.