Fed/Barkin: alta de salários nos EUA contribui para avanço inflacionário

Presidente da distrital de Richmond do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Thomas Barkin afirmou nesta terça-feira, 13, que o atual aumento no nível dos salários nos Estados Unidos tem exercido pressão de alta sobre a inflação no país. Ainda que outros fatores, como gargalos na oferta de suprimentos, estejam provocando o avanço inflacionário, a “pressão salarial” também é parte da equação, segundo ele.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos subiu 0,9% em junho ante maio, segundo dados com ajustes sazonais publicados nesta terça-feira pelo Departamento do Trabalho. O resultado veio bem acima da mediana das previsões de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, de alta de 0,5%.

Newsletter RD

Em texto publicado no site do Fed de Richmond nesta terça, Barkin explica que a alta nos salários se dá pelo aumento do “salário de reserva”, como é chamado o menor valor de pagamento pelo qual um trabalhador desempregado estaria disposto a receber para aceitar um emprego. De acordo com o dirigente, o salário de reserva de trabalhadores com renda menor que US$ 60 mil por ano e aqueles sem diploma universitário subiu mais de US$ 10 mil, ou 26%, entre março do ano passado e igual mês de 2021.

De acordo com Barkin, ainda é cedo para ter certeza se o elevado nível do salário de reserva, que pressiona a oferta de mão de obra nos EUA, se sustentará. Segundo ele, é possível que o avanço da vacinação contra a covid-19 no país, o término dos benefícios adicionais a desempregados e a reabertura de escolas façam com que “o incentivo para reduzir a oferta de trabalho enfraqueça”.

Já o presidente do Fed, de Atlanta, Raphael Bostic não falou sobre a política monetária nesta terça, na abertura de um evento sobre racismo da instituição. Parte de uma série sobre racismo e economia, o evento de hoje tem como foco a Justiça criminal americana.

Em sua fala, Bostic destacou alguns dados sobre o tema, como o de que mais de dois terços dos ex-detentos estão sem emprego, cinco anos após sua libertação. Ele também disse que há um custo econômico de US$ 1 trilhão ao não integrar pessoas anteriormente presas na economia e lembrou que os EUA são o país com a maior taxa de encarceramento do mundo, com uma taxa desproporcional de presos não brancos, em comparação com os segmentos populacionais como um todo.

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes