A USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) investiga a presença de casos de doenças arbovirais, dengue, zika e chikungunya, na população que vive no pós-balsa, da Represa Billings, em São Bernardo. O objetivo da pesquisa é identificar se a presença do mosquito Aedes Aegypti e doenças transmitidas aumentaram na região após números saltarem em Santos.
Com a presença de 30 alunos da USCS, dos cursos de medicina, farmácia, enfermagem e biomedicina, a iniciativa visa coletar 600 amostras e começou após parceria com empresa privada, que financia o projeto, conforme Patricia Montanheiro, biomédica, docente e coordenadora do Laboratório de Análises Clínicas, e Marta Marcondes, bióloga, docente e coordenadora do Projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos), falaram em entrevista ao RDtv.
“A região da represa não tem muitos criadores dentro de casas, mas tem dentro da mata, então veio a ideia de identificar como está o surgimento dessas doenças”, explica Patrícia. “Acabou vindo até como um auxilio, pois estamos com muitos casos de chikungunya em Santos, do outro lado da represa, descendo a serra, então conseguimos acompanhar a evolução da doença e se os casos estão vindo para cá”, comenta.
Para o estudo, a bióloga Marta Marcondes diz que houve articulação com líderes da região para que a população local entendesse e ajudasse na coleta de amostras. “Não podemos chegar numa região e começar a tirar sangue das pessoas, é um processo invasivo, então é necessário articulação com líderes comunitários. A segunda parte é fazer a integração com os alunos para que eles coletem sangue e façam acolhimento dessa população”, explica.
O objetivo é ter o resultado da pesquisa na segunda quinzena de julho e as coletas continuam até o final deste mês, que de acordo com as coordenadoras do projeto é quando a doença atinge pico epidemiológico, que vai até a 25ª semana de ano, no final de junho, e por se tratarem de exames caros e muitas coletas, serão analisados juntos.
Com as entrevistas realizadas, Patricia diz que há chances de muitos resultados serem positivos. “Observando que os pacientes se queixam de dores, manchas no corpo e sentem bastante dos sintomas, muitos achavam que era da covid-19 e não foram em UBSs (Unidade Básica de Saúde), buscar ajuda, mas acredito que muitos vão dar positivo para a dengue, assim como tivemos dois casos suspeitos de chikungunya”.
A coleta continua neste final de semana no pós-balsa, na região dos Tatetos, na aldeia SOS Criança, mas a equipe também esteve na região do Santa Cruz e Taquacetuba. “Temos a aprovação do comitê de ética. As pessoas recebem um termo da pesquisa, pegamos todas as formas de contato com a pessoas, pois assim que recebermos os resultados vamos fazer a devolutiva, então quem for do pós-balsa e quiser participar é só nos procurar, saímos da USCS às 8h”, completa Marta.