
Moradores dos núcleos Homero Thon e Pedro Américo, em Santo André, realizaram na manhã desta segunda-feira (07/06) um manifesto e pararam as máquinas que trabalham na canalização de córrego Cassaquera. Os manifestantes querem abertura de negociação para a remoção das famílias do local e alocação em unidades habitacionais próprias, como já foi feito com outros moradores que já foram retirados da área.
Os moradores conseguiram, após o manifesto, serem recebidos na prefeitura, porém não obtiveram uma resposta diferente da que vem sendo dada nos últimos meses. No local as obras do complexo Cassaquera, realizadas ao longo da avenida Pedro Américo, passam muito perto das casas que já contam com várias rachaduras, algumas oferecendo risco aos moradores que também reclamam do tráfego intenso de máquinas pesadas e a eliminação dos acessos fazendo com que os moradores se arrisquem no canteiro de obras para entrar ou sair de casa. “Há três anos que a gente ouve a mesma coisa e hoje o nosso protesto foi para que a prefeitura arrumasse um local para a remoção de uma família que está em situação mais crítica, trata-se de um casal o filho e mais três crianças que estão bem em frente à obra. Tem casa com rachadura que passa uma mão pelo buraco”, comenta Diana Lima, que há 34 anos mora no local.
Depois do manifesto e da promessa de serem recebidos na prefeitura as máquinas voltaram a trabalhar na canalização do córrego e na construção de avenida junto ao núcleo. “Nós até conseguimos chamar a atenção, mas na prefeitura disseram a mesma coisa, que aguardam verba do governo federal, e que não tem dinheiro para remover as famílias para uma moradia definitiva”, completa Diana.
Os moradores temem aceitar a remoção em troca de auxílio-aluguel e não conseguirem mais a moradia própria conforme foi pactuado. O auxílio seria de R$ 460 mensais. “Aqui não dá para morar com isso, a gente também não tem como complementar, eu mesmo estou trabalhando e só da para comprar o que comer”, comenta a moradora Roseneide Maria de Souza. Segundo os moradores são 70 famílias que ainda permanecem na área aguardando a construção de moradias populares.
Obra
Segundo a prefeitura 70% das obras do Complexo Viário Cassaquera estão prontas. Recentemente, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) começou os serviços de canalização do córrego Cassaquera no trecho da rotatória da avenida Giovanni Battista Pirelli. “A autarquia atua no momento em sete frentes de trabalho simultaneamente, o que inclui serviços de movimentação de terra, construção da nova base do canal, colocação de aduelas, compatibilização do leito, guias e sarjetas, microdrenagem e pavimentação da avenida Luiz Ignácio de Anhaia Mello. A previsão é de entregar o Complexo Viário Cassaquera até o fim do ano – com o progresso rápido das intervenções, é possível que a conclusão dos trabalhos termine até antes do prazo”, informou a administração em nota.
Sobre o manifesto a prefeitura informa que aguarda a construção do conjunto habitacional para onde os moradores serão transferidos. A obra tem financiamento federal através do programa Casa Verde Amarela (ex-programa Minha Casa Minha Vida). “Este grupo não será retirado do local por conta das obras do Cassaquera, salvo em alguns casos que possam ocorrer risco a moradia e assim serão alocados para aluguel social até a moradia definitiva. A Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária tem realizado constantes conversas com esta comunidade e não deixará de prestar quaisquer esclarecimentos. Um grupo de lideranças se reunirá com a Diretoria de Habitação conversando novamente sobre a situação. As obras do Cassaquera, importantes para a cidade e para todos os andreenses, foram retomadas prontamente”, informou a prefeitura em nota.
O RD também questionou o Ministério do Desenvolvimento Regional, que hoje é o responsável pelo Programa Casa Verte Amarela, antigo Minha Casa Minha Vida, mas até o fechamento desta reportagem não obteve retorno.