Os profissionais que atuam na rede municipal de ensino de Santo André aprovaram greve a partir do dia 19/5, quarta-feira. A categoria aprovou por unanimidade a decisão em assembleia virtual realizada pelo Sindserv Santo André, quinta-feira (13/5). O ofício com aviso de greve foi protocolado nesta sexta-feira (15) na Prefeitura. Uma carreata será realizada na próxima segunda-feira (17), com concentração às 11h, na portaria 5, da Craisa (rua Varsóvia, 565), rumo ao Paço Municipal.
A ação é uma resposta ao anúncio de retorno às aulas presenciais durante a pandemia feito pelo prefeito Paulo Serra (PSDB). Segundo o sindicato, só no ABC o número de mortes ultrapassa 8 mil e no Estado de São Paulo são mais de 100 mil mortes.
Paulo Serra disse que será publicado um decreto para informar que o retorno será gradual, a partir do dia 24 de maio. Entre os dias 17 e 21 de maio, as escolas estarão abertas para acolhimento das famílias e esclarecimentos de dúvidas sobre o retorno das atividades presenciais, que será por etapas e não é obrigatório.
No entanto, alega o Sindserv, o número de profissionais vacinados é super baixo. “Hoje estão sendo vacinados educadores acima de 47 anos, muitos correm o risco de não receberem a segunda dose da vacina, por causa da falta de insumos”, diz em nota.
“Mais uma vez tomamos conhecimento do retorno das aulas presenciais pela imprensa, nem a Secretaria de Educação tinha essas informações. Um absoluto desrespeito com todos nós profissionais que seguimos trabalhando remotamente nesta pandemia, sem condições de trabalho. O retorno agora é assistir à morte de colegas ou a nossa própria morte e não queremos isso. Nossa greve é pela vida”, afirma a diretora do Sindserv Santo André, a professora Daisy Dias.
No ofício entregue à Prefeitura, o sindicato também reivindica a abertura de uma mesa de negociação. Os educadores defendem o retorno à sala de aula com a garantia de medidas e protocolos de segurança contra a covid-19, testagem em massa, fornecimento de EPIS e vacinação para toda comunidade escolar.
Faltam sabão, produtos de higiene e infraestrutura
Em assembleia, a categoria relatou problemas que podem desencadear proliferação da contaminação do coronavírus: salas pequenas sem ventilação natural, falta de materiais de limpeza/higiene pessoal, como sabonete, além de condições precárias de infraestrutura.
A categoria apontou, ainda, falta de EPIs (equipamentos de proteção individual), como máscaras recomendadas pela OMS (N95 e PFF2), álcool em gel, e também suporte e fornecimento de celulares e computadores.
“Atualmente, os professores são obrigados a usar os seus próprios celulares e computadores, pagam do bolso até a compra desses equipamentos, que não suportam mais as demandas escolares. Eles também relataram problemas com o uso da plataforma Teams, usada pela rede da Prefeitura, que não funciona em computadores antigos.
Riscos de covid nas creches e escolas
De acordo com o sindicato, Paulo Serra justificou em uma transmissão ao vivo que as crianças não transmitem a covid. “Mas não é bem assim. O estudo recente da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), da Universidade da Califórnia e da London School of Hygiene and Tropical Medicine indica que as crianças têm mais risco de se infectarem e não de transmitirem desde que as escolas e creches adotem todas as medidas de segurança contra a covid-19 e os profissionais estejam adequadamente imunizados — fatos que não são a realidade das escolas andreenses”.
Outro estudo, diz a nota do Sindserv Santo André, é do Atlas ODS Amazonas, da Universidade Federal do Amazonas, o qual indica que crianças podem transmitir a covid-19.