
A juíza Ana Lucia Fusaro, da segunda Vara Cível de São Caetano concedeu liminar aos proprietários do terreno onde ficava o edifício Di Thiene, para que o grupo que ocupa a área desde o dia 1° de Maio deixe a área. A reintegração de posse foi determinada na terça-feira (11/05) e pode até ter uso de força policial, porém ainda não há expectativa de quando isso deve acontecer. Nesta quarta-feira (12/05) a polícia militar esteve no local acompanhando o oficial de justiça que foi entregar a ordem de desocupação da área.
O antigo prédio sofreu um abalo em 2019 e duas pessoas ficaram feridas sem gravidade. Após o ocorrido o local foi interditado e foi dada ordem para demolição. Os moradores que ocupavam o imóvel dizem que pagaram pelos seus lares, mas os proprietários dizem que o prédio fora invadido. A prefeitura, na época do acidente determinou a desapropriação da área e indicou dois terrenos para a construção de unidades habitacionais pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), autarquia estadual ligada à Secretaria de Habitação. Enquanto isso as famílias removidas passariam a receber da prefeitura R$ 400 mensais a título de auxílio-aluguel, que duraria 18 meses podendo ser renovado. O auxílio cessou em janeiro e parte das famílias voltou, em maio, a ocupar o local em moradias improvisadas.
“Disseram que depois de 18 meses o auxílio seria renovado, mas não renovaram. Para nós esse valor faz muita falta. Mesmo considerando que não dá para morar em São Caetano com apenas R$ 400 de aluguel, esse dinheiro ajuda muito”, conta Cristiana Rodrigues Cardoso de Souza, uma das moradoras mais antigas do Di Thiene. Em sua casa são seis pessoas; ela, o esposo, três filhos e uma sobrinha.
Cristiana conta que durante a pandemia a situação financeira se agravou; em janeiro perdeu seu emprego e o único salário é o do marido que trabalha como porteiro. “A sorte é que ele consegue fazer uns bicos com instalação de ar-condicionado. Deus tem abençoado e estamos conseguindo pagar as contas”, disse. Cristiana não quis se juntar ao grupo que ocupou o terreno porque teme pela reintegração e choque com a polícia e também porque não quer expor os filhos, um deles autista, mas entende o drama das famílias. “É uma forma de cobrar providências, porque para nós ninguém falou nada, nem sobre o auxílio aluguel nem sobre os apartamentos da CDHU, é o desespero mesmo”, comentou.
O temor de Cristiana se justifica, já que a polícia pode ser chamada a qualquer momento para cumprir a decisão. A Polícia Militar informou apenas que no final da manhã desta quarta-feira (12/05) a PM acompanhou o oficial de justiça, mas que não há previsão de efetivar a reintegração com uso de força policial. “Assim, preenchidos os requisitos legais, defiro a liminar para determinar a imediata reintegração da posse à autora, autorizando, se necessário, o uso da força policial. Advirto que, considerando que, ao que parece, o imóvel foi ocupado por diversas pessoas, entre elas idosos e crianças, e em especial pela pandemia pela qual atravessamos, a ordem deve ser cumprida com a atenção e a cautela que o caso requer”, despachou a juíza.
A CDHU, que define entre dois terrenos ofertados pela prefeitura para abrigar os moradores em novos conjuntos habitacionais, foi procurada pelo RD que indagou sobre o projeto, mas não se pronunciou até o fechamento desta reportagem. A prefeitura de São Caetano também foi procurada para comentar o assunto, mas também não se manifestou.