Crianças de Diadema recebem dose da Coronavac por engano

UBS Jardim das Nações, onde as crianças receberam a vacina errada. (Foto: Google)

Na tarde desta quinta-feira (15/04) cinco crianças com idades entre 4 e 5 anos receberam doses da vacina Coronavac, por engano. As crianças foram levadas à UBS (Unidade Básica de Saúde) do Jardim das Nações, em Diadema, para tomar a vacina contra a gripe, mas acabaram recebendo a vacina contra a covid-19. Três boletins de ocorrência, de natureza, não criminal, foram registrados no 3° Distrito Policial da cidade. Os profissionais envolvidos foram afastados de suas atividades pela prefeitura.

Essa é a segunda vez que incidentes com a vacina do Butantan acontecem em Diadema, no dia 23 de janeiro duas doses da vacina desapareceram do posto de Saúde do Parque Reid e a Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o sumiço das vacinas. Agora, a situação parece ter sido causada pela troca de frascos na sala de vacinação.

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Em nota, a prefeitura de Diadema repudiou aplicação errada da vacina e informa que não foram apenas três, mas cinco crianças vacinadas equivocadamente com a vacina contra a covid-19. A administração diz ainda que afastou os funcionários envolvidos. “A Prefeitura de Diadema, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), condena veementemente a aplicação equivocada de vacina Coronavac em cinco crianças da UBS Jardim das Nações e informa que já está sendo aberto um processo administrativo para apuração dos fatos e das responsabilidades dos envolvidos, para adoção das medidas cabíveis em relação ao ocorrido. Além disto, a gestão determinou o afastamento imediato das funcionárias envolvidas no ocorrido”.

A prefeitura informou ainda que as crianças serão acompanhadas por médicos que vão verificar se elas terão alguma reação adversa ao medicamento. “Esclarecemos que, assim que identificada a ocorrência, os pais das crianças vacinadas foram imediatamente convocados na unidade para os devidos esclarecimentos e orientações. Todos eles são baseados no Documento Técnico, do Centro de Vigilância Epidemiológica da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, que normatiza a Campanha de Vacinação contra a covid-19. Informamos ainda que as crianças serão acompanhadas pelos próximos 42 dias e terão todo o apoio necessário. Uma médica da Atenção Básica foi escalada para realizar esse acompanhamento de perto. A Secretaria de Saúde preza pela segurança e lisura das Campanhas de Vacinação e tranquiliza os pais sobre o processo realizado nas 20 Unidades Básicas do município e que segue as diretrizes da Vigilância à Saúde e Atenção Básica. A vacinação covid-19 e a vacinação de Influenza estão sendo feitas em salas separadas para que não haja cruzamento de fluxo dos pacientes adultos com crianças. Em relação a esse caso específico, reforçamos que foi um caso isolado e que serviu para ampliarmos ainda mais os nossos cuidados”.

O médico e professor de infectologia da Faculdade de Medicina do ABC, Juvêncio Furtado, disse que o fato mostra descontrole dos funcionários da prefeitura no manuseio da vacina. “Realmente podemos considerar despreparo e descuido total, infelizmente”, comentou. O médico informa que não há estudos concluídos em crianças para aferir se haveria problemas causados pela Coronavac, mas ele não acredita em efeito colateral. “Quanto a possíveis efeitos, não sabemos. Os estudos em crianças não foram concluídos. Em minha opinião nenhum efeito grave relacionado à vacina deve ocorrer”, disse o especialista.

O pneumologista Elie Fiss, também considera que o erro dos enfermeiros da UBS Jardim das Nações foi muito grave. “Precisa prestar atenção sempre, ler todos os rótulos”, comenta. Para ele a falta de estudos quanto a imunização de crianças deixa a situação ainda envolta em um mistério sobre o que pode acontecer. “O metabolismo da criança é muito diferente. A criança não é um adulto em miniatura, o organismo é diferente funciona mais acelerado e o sistema defesa, de anticorpos, também reage diferente. É por isso que qualquer estudo exclui inicialmente crianças, gestantes e mães que amamentam, só depois de aprovada nos adultos é que os outros grupos vão sendo incluídos nos estudos”, explica. Apesar da falta de estudos sobre vacina em crianças. Fiss acredita que os vacinados, duas meninas e um menino, não devem ter nada de mais sério.

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