ABC - quinta-feira , 2 de maio de 2024

Presidente de Israel encarrega Netanyahu de formar novo governo

O presidente de Israel, Reuven Rivlin, encarregou nesta terça-feira (6) o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu de tentar formar um governo após a quarta eleição inconclusiva em dois anos, no último dia 23. Após consultas, Rivlin disse que nenhum candidato tem apoio suficiente para formar a maioria, mas escolheu o premiê porque seu nome foi o que despertou mais indicações. A indicação coincide com as audiências do julgamento por corrupção que tem Netanyahu como alvo, acusado de fraude, abuso de poder e suborno.

Se o premiê mais longevo da história israelense não for bem-sucedido na tarefa, o país ficará às margens de uma quinta eleição desde 2019, prolongando um impasse político sem precedentes e a polarização centralizada na figura do premiê e em suas tentativas de permanecer no poder.

Newsletter RD

Após dois dias de consulta com todos os blocos parlamentares, Rivlin deixou claro que nenhum candidato conseguiu chegar aos 61 assentos necessários para ter a maioria no Knesset, o Parlamento israelense.

Netanyahu e o seu direitista Likud, que conquistou 30 cadeiras no pleito de março, conseguiu chegar a 52 assentos com o apoio das siglas religiosas Shas, Judaísmo Unido da Torá (JUT) e Sionismo Religioso, este associado à extrema direita e a grupos acusados de atos de violência contra árabes.

O partido centrista Yesh Atid, liderado por Yair Lapid, conseguiu 45 cadeiras, juntando-se com o também centrista Azul e Branco; o Partido Trabalhista, de centro-esquerda; o nacionalista secular Yisrael Beitenu; e o Meretz, de esquerda.

“Nenhum candidato tem chance realista de formar um governo que terá a confiança do Knesset”, disse Rivlin, afirmando que se tivesse tal poder, daria a questão para que o Parlamento resolvesse. “Netanyahu tem uma chance um pouco mais alta de fazê-lo, então decidi confiá-lo a tarefa.”

Julgamento por corrupção

Enquanto as lideranças políticas de Israel se reúnem para negociar a formação de um governo e tentar colocar um fim à crise política no país, o julgamento de Binyamin Netanyahu foi retomado na segunda-feira, 5. O premiê é acusado de corrupção, fraude e abuso de poder em três casos.

As audiências do julgamento foram repetidamente adiadas nos últimos meses por causa da pandemia de covid-19, mas puderam ser reiniciadas em Jerusalém após a flexibilização das medidas de contenção da pandemia. O processo é considerado fundamental para a sobrevivência política do premiê.

Há 15 anos no poder, Netanyahu é o primeiro chefe de governo da história de Israel a ser julgado durante o exercício do cargo. O primeiro-ministro está sendo julgado em três casos distintos. Em dois deles é acusado de tentar garantir coberturas favoráveis em meios de comunicação locais em troca de favores do governo. No terceiro caso, Netanyahu e membros de sua família são suspeitos de terem recebido presentes – charutos de luxo, garrafas de champanhe e joias – de famosos em troca de favores financeiros ou pessoais.

Netanyahu se diz inocente das acusações de suborno, fraude e abuso de poder, afirmando que não passam de uma “caça às bruxas” para tirá-lo do governo. Ele compareceu ao tribunal em Jerusalém de máscara, sendo recebido por manifestantes antigoverno e apoiadores, e permaneceu na sessão por cerca de uma hora, saindo antes dos depoimentos das testemunhas começarem.

A Promotoria acusa o primeiro-ministro de usar “o grande poder do governo que lhe foi conferido para, entre outras coisas, demandar e obter benefícios impróprios dos donos de importantes mídias de Israel para avançar seus assuntos pessoais”. “A relação entre Netanyahu e os réus tornou-se uma moeda de troca, algo que podia ser negociado”, afirmou a promotora Liat Ben Ari em seu discurso inicial. “Isso pode distorcer o bom senso de um servidor público”. (Com agências internacionais).

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes