
Quase dois meses de reabertura, os salões de beleza ainda não tiveram lucros. Com retorno financeiro apenas para pagar contas, o setor enfrenta queda de 50% no movimento, originada sobretudo pela dificuldade de puxar novamente a clientela da terceira idade, que tem medo de contaminação, apesar dos protocolos seguidos pelos estabelecimentos.
Segundo a cabeleireira Talita Martins Zara Silva, que possui salão em Santo André, o movimento após a reabertura ainda não paga as contas. “As pessoas ainda têm receio de frequentar o salão”, diz. Uma das maiores dificuldades neste momento, afirma, é convencer a clientela de que o ambiente é seguro.
Outro ponto que preocupa Talita Silva é conciliar a maternidade e afazeres domésticos com o trabalho, já que o filho está sem aulas presenciais. Segundo a cabeleireira, foi possível observar uma diminuição no orçamento das clientes se comparado aos gastos anteriores, agora, a média é de R$ 200 por pessoa. “Muitas preferem não escovar ou fazer hidratação, por exemplo”, diz.
Para o proprietário de salão de beleza em São Caetano, Renato Auro Botelho, o retorno é devagar e os trabalhos apenas cobrem os custos. “Ainda não temos lucro, trabalhamos apenas para manter aberto”, comenta ao afirmar que, em razão disso, foi necessário cortar custos e reduzir mão de obra. “Não está bom, mas eu já esperava uma retomada lenta”, diz. Se adaptar aos novos protocolos de higiene e vencer o medo de se contaminar são alguns dos desafios. “Também é difícil trazer a cliente para o salão. As pessoas ainda têm receio, principalmente as de idade mais avançada”, diz.
Luciana Botelho, diretora da Associação Brasileira de Salões de Beleza, conta que ainda não é possível falar em lucros, apenas em cobertura de custos, já que o movimento dos salões da região chegou a cair até 50% após a retomada, comparado ao período anterior. “Com a queda de atendimentos, os estabelecimentos com boa gestão financeira conseguem pagar as contas. Aqueles que não possuem uma melhor administração ainda estão no prejuízo”, destaca.
Falta de eventos sociais
Os principais motivos para a não aderência total de clientes, após a retomada, segundo a diretora, são, principalmente, o orçamento reduzido do público e a falta de eventos e ocasiões onde as pessoas precisam dos serviços de estética. “Para quem enfrenta a dificuldade financeira, o primeiro custo deixado de lado é com o salão de beleza. Além disso, como a maioria passou a trabalhar home office, a estética deixa de ser uma preocupação”, afirma.
De acordo com Luciana, as pessoas ainda têm muito medo de frequentar os salões, apesar de ser ambiente seguro para realizar os serviços, devido ao controle de higiene e fiscalização. O atendimento domiciliar, segundo a dirigente, não é opção segura. “Tanto os clientes quanto o profissional ficam mais expostos ao risco de contrair o vírus, uma vez que existe o trajeto de deslocamento e a falta de materiais necessários para a higienização dos utensílios de trabalho”, ressalta.
Pacotes
Para tentar driblar a queda os salões apelam para promoções e pacotes de serviços, já que a adesão de vouchers durante o isolamento social foi baixa. “Essa prática não teve muita aceitação, já que ainda não havia previsão para voltar e muitos tinham a incerteza de que iriam reabrir as portas. Hoje, oferecer pacotes e preços promocionais são as alternativas mais usadas para atrair a clientela”, completa.
A divulgação por meio de redes sociais também é aliada dos profissionais. “Promover o salão através da internet se tornou ainda mais comum entre os proprietários, que também passaram a oferecer maior flexibilidade de horário”, conta.