A falta de medicamentos muito utilizados em intubação de pacientes mais graves da covid-19, como alguns anestésicos, está fazendo com que em muitas cidades do país esse tipo de medicamento já falte nos hospitais. São Bernardo, é um destes municípios. Em entrevista exclusiva ao RDTv nesta terça-feira (07) o prefeito Orlando Morando (PSDB) externou sua preocupação com o adiamento de cirurgias. O Ministério da Saúde, em nota publicada na última semana relatou que está atuando em três frentes para garantir o abastecimento.
“O Brasil está passando por uma crise muito grande por falta de anestésicos, o que depende da ação do governo federal. As prefeituras não estão conseguindo comprar determinados anestésicos o que é muito grave, pois pacientes não estão sendo operados porque não tem a disponibilidade do medicamento”, relata Morando.
A prefeitura de São Bernardo informou que durante a pandemia houve aumento de 50% no consumo destes medicamentos e por isso a falta. “A administração acionou a secretaria de Saúde do Estado e o Ministério da Saúde para tentar viabilizar, o mais rápido possível, a compra destes medicamentos. O Ministério informou que fará uma Ata de Registro de Preço destas substâncias, bem como está requisitando a produção nacional para distribuição aos Estados e municípios. A Organização Pan-Americana da Saúde também trabalha para uma compra internacional. A maior dificuldade na compra é o aumento do preço praticado pelas empresas fornecedoras”, informou a prefeitura.
A situação de São Bernardo, por enquanto, é isolada. As demais cidades do ABC informaram que não há falta de sedativos, anestésicos ou EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). Na cidade vizinha, Diadema, os estoques de alguns itens é pequeno, mas ainda não falta. “Não há falta, apenas estoques reduzidos de alguns medicamentos cuja oferta no mercado é inexistente ou restritiva. Nenhum medicamento tornou-se indisponível até o momento. Realiza-se controle diário de cada ampola disponível nos serviços, enquanto conduzem-se nova licitações e avaliações de realinhamento de preço”, explicou a prefeitura de Diadema.
Ministério
A nota do Ministério da Saúde diz que a pasta está apoiando estados e municípios, em uma ação conjunta e coordenada com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), para que os estoques de anestésicos e relaxantes musculares nos hospitais seja normalizado. Para a aquisição dos medicamentos em falta, o Ministério da Saúde implementou três ações para mitigar o problema. A primeira foi uma cotação para realizar uma compra internacional, via Organização Panamericana de Saúde (OPAS), que teve início em 18 de junho. A segunda ação foi uma requisição administrativa, iniciada em 22 de junho, que, de acordo com o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, já está possibilitando o atendimento emergencial das demandas de estados e municípios.
“Nós verificamos junto à indústria farmacêutica, aos produtores, o excedente de medicamentos. Isso para que pudéssemos requisitar sem desabastecer o mercado, sem comprometer os contratos já existentes, as compras já realizadas, tomando cuidado para não desabastecer a rede privada de saúde”, explicou Elcio Franco.
Segundo o ministério já foram requisitados administrativamente 21 medicamentos que estão sendo recebidos e distribuídos pelo Ministério da Saúde conforme o levantamento diário. Desta forma, os estados recebem e fazem a divisão para os seus municípios. Esse material está sendo entregue no depósito do Ministério da Saúde, em Guarulhos, e transportado até as capitais. Os Planos de Contingência dos estados deverão considerar as necessidades das cidades do interior, de forma que atendam a todos os hospitais na área do estado (interior e capital).
A terceira ação adotada pela pasta, que iniciou no dia 24 de junho, foi a abertura de processo de pregão via Sistema de Registro de Preços (SRP). A intenção é proporcionar uma economia em escala e, desta forma, possibilitar a adesão de estados e municípios. “É importante que estados e municípios concordem com essa intenção de registro de preço para que possam se beneficiar do valor em escala, comprando por essa modalidade”, alertou o secretário-executivo.