“Infelizmente não posso fazer isso”, essa foi a resposta do secretário de Transportes de Diadema, José Carlos Gonçalves, sobre o pedido de suspensão, por 30 dias, da Zona Azul no bairro Serraria. A solicitação foi feita pelo vereador e líder do governo na Câmara, Sérgio Ramos da Silva, o Companheiro Sérgio (Cidadania), e pelo presidente da Casa, Revelino Teixeira de Almeida, o Pretinho do Água Santa (DEM). Gonçalves foi até a Câmara a pedido dos vereadores que receberam um grupo de comerciantes insatisfeitos com a instalação do estacionamento rotativo pago no bairro, cuja cobrança teve início nesta quarta-feira (08/07).
“Não é (a Zona Azul) da cabeça do secretário, temos um departamento técnico, o trânsito na cidade aumentou e essa é uma tendência. Eu não posso suspender a cobrança porque tem um contrato com a empresa (Estapar) se fizer isso a prefeitura vai ser multada”, disse o secretário de transportes ao grupo de comerciantes que foi recebido no plenarinho, já que a participação de munícipes na tribuna livre está suspensa por conta da pandemia da covid-19. Desde esta quarta-feira quem estacionar na avenida Rotary terá que pagar R$ 2 por hora ou estará sujeito a multa.
Além de não atender ao pedido do líder do prefeito e do presidente do Legislativo, Gonçalves ainda anunciou outros bairros onde a Zona Azul será instalada, como na avenida Nossa Senhora dos Navegantes, no bairro Eldorado, na avenida Dom João VI, no bairro Taboão, e no Jardim Campanário.
Os comerciantes não aceitaram a justificativa. “O prefeito (Lauro Michels – PV) disse em rede social ao responder uma de nossas postagens que a implantação da Zona Azul era uma reivindicação dos comerciantes. Isso é mentira, nós temos aqui um abaixo assinado com mais de 3,1 mil assinaturas. Antes as pessoas paravam o carro, compravam no açougue, por exemplo, e depois iam embora. Agora que vai ter que pagar, ninguém para, vão no mercado que lá estaciona de graça. Estamos indignados porque não concordamos e não fomos ouvidos”, disse a gerente da Imobiliária Barello, Michele Rubio.
Mesmo indignado com a posição do secretário de transportes de não ter acatado o pedido da Câmara e do líder do governo, Pretinho, determinou que fosse montada uma comissão, composta por comerciantes para a discussão desse assunto com a prefeitura. “Na minha opinião tinha que ter 30 dias de carência até se discutir melhor. Aqui vocês (comerciantes) têm o apoio dos 21 vereadores”, resumiu Pretinho do Água Santa.
Os vereadores de oposição como Ronaldo Lacerda (PDT), aproveitaram o assunto para atacar o governo. “Essa medida é injusta, primeiro pelo momento em que o comerciante tenta se recuperar do tempo fechado pela pandemia, e em segundo lugar porque não houve discussão. Os comerciantes são parte da cidade e a Zona Azul foi empurrada goela abaixo. O líder do governo, que fala pelo prefeito, mais o presidente da Casa, pediram a suspensão e o secretário disse que não pode fazer nada. Então é a empresa que manda na cidade? Manda mais que o secretário e o prefeito? A empresa tem que ser apenas comunicada que vai suspender e pronto”, criticou o pedetista.
O vereador Orlando Vitoriano (PT) esteve no bairro e acompanhou a comissão de comerciantes até que ela fosse recebida na Câmara. “Os técnicos da secretaria pensaram apenas na arrecadação e não nas especificidades de cada bairro. Se preparem, o prefeito colocou a Zona Azul no Serraria e vai colocar no seu bairro também”, destacou.
Até mesmo entre os vereadores governistas o posicionamento foi além do apoio chegando ao discurso. “Tem que decretar mesmo a paralisação dessa cobrança. Sou solidário aos comerciantes que estão passando por um momento muito difícil e esse (Zona Azul) é mais um problema porque expulsa o cliente que vai preferir ir ao mercado, que não paga para estacionar”, discursou José Hudsomar Rodrigues, o Zé do Bloco (Cidadania).