Plano de retorno às aulas gera dúvidas em pais e educadores

O plano de retomada gradual dos alunos das escolas públicas e particulares para o dia 8 de setembro e anunciado pelo governo do Estado, nesta quarta-feira (24), gerou série de dúvidas em pais e educadores que tentam entender quais são os protocolos e cenários que serão colocados para este retorno. O RDtv promoveu um debate sobre o assunto.

Falta de diálogo com o Governo do Estado foi uma das principais reclamações (Foto: Reprodução)

Caso todo o Estado de São Paulo esteja na chamada fase amarela do Plano São Paulo por pelo menos 28 dias, haverá o retorno gradual de 35% dos alunos para ter aulas presenciais de maneira revezada, com o restante em aulas virtuais em casa. Se houver a redução ainda maior do número de casos de covid-19 a segunda fase fala em 70% dos alunos e na terceira fase a retomada total.

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Alessandro Bernardo, vice-presidente da Associação das Escolar Particulares do ABC (Aesp-ABC), considera que o cenário do ensino particular não poderia ser colocado no mesmo cenário do ensino público. “Temos escolas que já compraram os EPIs (equipamentos de proteção individual) para os funcionários, que até compraram equipamentos para desinfetar, então tem uma estrutura muito melhor que no ensino público, então acho que deveriam pensar diferente” diz.

Bernardo relatou que existem dúvidas em relação a que número tomar como base para definir os 35% que vão retornar, se é 35% dos alunos matriculados ou de capacidade de cada escola.

No caso de Vera Zirnberger, representante de São Bernardo no Sindicato dos Professores de Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeosp), faltou diálogo por parte do governo para essa definição. “Só conseguimos marcar uma reunião com a Secretaria Estadual da Educação para semana que vem, já está tudo debatido e a Apeoesp, nem as escolas particulares, nem os pais foram chamados para falar. Ainda temos que lembrar que não temos condições para pensar no retorno destes alunos”, afirma.

Em relação aos pais, o receio e o medo sobre este retorno, mesmo que gradual, ainda persiste apesar dos protocolos estipulados. Mãe de dois alunos da rede pública de ensino de São Caetano, Carla Cortez relata que tem conversado com outros pais e o medo segue constante.

“Muitos já falaram que não vão mandar seus filhos para a escola. Sinceramente eu prefiro que meus filhos percam este ano e no ano que vem possam retornar para a escola com mais qualidade. Realmente não temos condições para isso”, reclama.

Elie Fiss, pneumologista e professor da Faculdade de Medicina do ABC, analisa que o cenário atual não indica que haverá um retorno destas aulas para o dia 8 de setembro, mas apesar de não acreditar que a data será cravada, considera que deve se pensar em um cenário de volta às aulas, pois, a criação de uma vacina pode demorar.

“Temos de manter todas as ações protetivas para que a taxa de transmissibilidade da doença possa cair. Ainda não vejo condições para isso, mas considero que não houve neste plano uma obrigação de data, mas um planejamento de retorno com protocolos”, completa o médico.

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