
Após a região ser reclassificada para a fase laranja, do plano de retomada da economia do governo do Estado, a expectativa para quem pode estar na próxima etapa – a fase amarela -, não é boa, como é o caso dos salões de beleza. No ABC, os profissionais não estão otimistas, apesar da queda de 80% no faturamento.
Na fase amarela, prevista para ser anunciada dia 26, os salões, se permitidos, deverão atuar apenas com 40% da capacidade, ter o horário reduzido para seis horas seguidas e adotar os protocolos padrão e setoriais específicos.
Após quase três meses sem realizar nenhum tipo de atendimento, Adriana Alves, 38, proprietária do Salão Drika, em Santo André, afirma que o momento não é de otimismo para a retomada, pois as pessoas ainda terão medo de frequentar os salões, mesmo com as medidas de segurança. “Não acredito que seja a melhor escolha reabrir agora, pois não terá movimento suficiente para cobrir os custos”, diz.
Para conseguir pagar as contas durante a pandemia, Adriana disponibilizou vouchers promocionais para as clientes adquirirem e usarem após o fim da quarentena. “Infelizmente não consegui ter lucros com isso, apenas consegui cobrir alguns gastos em casa”, aponta.
Em Mauá, a cabeleireira Roselei Bonfante, 51, proprietária do salão Rose Hair Cabelo e Estética, precisou parar totalmente com as atividades e retornou apenas nas últimas semanas os atendimentos com hora marcada e todos os cuidados necessários. “Faço pausa de duas horas entre uma cliente e outra para conseguir higienizar tudo antes da próxima”, conta.
Apesar da retomada gradual, Roselei estima uma queda de 80% na receita. “Não sei se vou conseguir retornar normalmente na fase amarela, pois meu prejuízo foi muito alto”, conta. Roselei diz que as clientes têm de gastar agora. “Não tive quase nada de procura pois ninguém quer gastar com beleza neste momento”, comenta.
Para manter as contas em dia, a proprietária do salão de beleza Espelho Espelho Meu, em Rio Grande da Serra, Analline Joseline Oliveira, 35, adotou o método home care. Para a reabertura, conta que pretende atender conforme a demanda, ainda baixa. “Vou atender um cliente por vez, pois prezo pela segurança de todos”, destaca.
Com atendimentos por hora marcada e protocolos de higiene, Analline diz que, apesar dos esforços, poucas pessoas procuram pelo serviço. “Por mais que eu divulgue, poucos sabem que retornei as atividades. O esperado é que nos fins de semana o movimento seja maior”, relata.
Fechar o estabelecimento
Outro proprietário de salão em Rio Grande da Serra, mas que preferiu não ser identificado, conta que por conta do tempo que ficou sem atender não é mais possível reabrir o estabelecimento. “Devo R$ 7 mil para a imobiliária, o pouco que ainda ganho com alguns atendimentos, serve para pagar o aluguel atrasado do salão, por isso não compensa continuar com as atividades”, desabafa.
O profissional relata que precisou abaixar os preços em até 75%. “A micro pigmentação de sobrancelhas, que custava R$ 400, reduziu para R$ 100 para conseguir pagar a inadimplência”, conta. Ainda segundo o rapaz, as contas crescem cada vez mais com os juros, uma vez que não houve flexibilização por parte da imobiliária responsável por alugar o local. “Ficou praticamente impossível trabalhar, mas a locadora não compreendeu o meu lado”, afirma. (Colaborou Ingrid Santos e Nathalie Oliveira)