No grupo de risco do novo coronavírus (Covid-19), portadores de doenças cardiovasculares devem ter cuidados redobrados com a saúde durante o período de pandemia, já que são propícios a desenvolver a forma mais grave da doença. O médico cardiologista do Hospital Beneficência Portuguesa de São Caetano, Arthur Rente, alerta para hábitos que podem desencadear a patologia durante a quarentena, como má alimentação e falta de exercícios físicos, além de dicas para cuidar da saúde psicológica afim de evitar o desenvolvimento de ansiedade.
Com o avanço da doença no País, que chegou a registar mais de 400 mortes em 24h, as precauções básicas, como evitar aglomerações e higienizar bem as mãos, devem ser reforçadas para evitar a exposição ao vírus. Além disso, para quem já sofre de cardiopatia, a atenção com alimentos que devem ou não ser inseridos na dieta é essencial, segundo o cardiologista, que afirma que a quarentena é um momento propício para desencadear doenças cardiológicas. “A recomendação é ingerir pelo menos 2 litros de água por dia, evitar alimentos gordurosos e embutidos, tabagismo, bebidas alcoólicas e priorizar peixes, legumes, verduras e frutas”, alerta.
Já sobre atividades físicas, todo tipo de exercício que puder ser feito dentro de casa é aliado para uma boa saúde. Já as caminhadas ao ar livre devem ser evitadas, pois utilizar máscaras durante a atividade atrapalha a troca gasosa, de acordo com o médico. “Utilizar aplicativos que auxiliam nas práticas pode ser interessante. Uma opção de exercício clássico é o step, que consiste em subir e descer de um degrau”, explica.
Em relação as práticas para diminuir a ansiedade, que pode prejudicar a saúde do coração e até desencadear a Síndrome do Coração Partido, patologia responsável por elevar a carga energética do órgão, levando a uma simulação de infarto que pode ser letal, segundo o médico, hobbies e vídeo–chamada com a família podem ser boas opções. “Jogar caça-palavras ou até mesmo uma ligação para família, por exemplo, ajuda a distrair a mente”, afirma.
Para os cardiopatas, Rente ressalta que o momento não é adequado para fazer check-up, e apenas casos de urgência e emergência devem procurar o hospital. Além de afirmar que o tratamento regular com medicações deve ser mantido.
De acordo com levantamento feito pelo Colégio Americano de Cardiologia, associação médica especializada em estudos da saúde do coração, dentre os hospitalizados pela doença, 50% possuíam doenças crônicas, sendo que 40% tinham doença cardiovascular ou cerebrovascular. Entre as pessoas que morreram pelo vírus, 86% possuíam problemas respiratórios, sendo que 33% eram cardíacos associados e 7% cardíacos isolados. Isso se deve ao fato da reação do vírus no corpo humano, que pode levar ao desequilíbrio de doenças cardiovasculares, além da possibilidade de comprometimento no sistema imune que cardiopatas já possuem. “Todos os vasos que irrigam o organismo ficam doentes em um cardiopata. O vírus não escolhe mais idade e pode atingir qualquer um”.
O médico ainda firma que é importante lembrar o fato de nenhum estudo científico ter confirmado a eficiência de medicamentos no tratamento da Covid-19, por isso é importante jamais se automedicar sem prescrição médica. A hidroxicloroquina, por exemplo, remédio que causou repercusão em especulações de que seria eficaz no combate ao vírus, pode comprometer a saúde das pessoas que possuem arritimia, de acordo com o cardiologista.