Entre as áreas mais atingidas pelo avanço do novo coronavírus está o setor de bares e restaurantes, que têm se reinventado para se adaptar ao novo cenário. De acordo com a Confederação Nacional do Turismo (CNTur), a estimativa é que 30% dos restaurantes brasileiros não suportarão a falta de clientes, o que resultará em cerca de 200 mil estabelecimentos com as portas fechadas. Entre a classe de profissionais mais atingidos estão os garçons, que são os primeiros a perderem o emprego. No ABC, a principal aposta tem sido no delivery, que, até agora, tem gerado bons resultados para os comerciantes.
Em São Bernardo, a rota do frango com polenta precisou suspender os serviços presenciais, mas as entregas têm tido sucesso. O restaurante Gaia, no bairro Demarchi, se deparou com grande desafio, já que nunca havia trabalhado com delivery. Apesar do prejuízo com a queda de 60% na receita, o proprietário Reinaldo Demarchi, 49, expressa otimismo em relação ao novo método de vendas, iniciada no dia 23 de março, no início da quarentena. “Tivemos 40% de aderência nas vendas em relação ao que vendíamos antes no salão. Por ser algo implantado agora, tem dado certo sim”, afirma. A casa também conta com a opção de retirada no local.
Para impulsionar o negócio, Demarchi estuda ter um aplicativo próprio do restaurante, para facilitar e incentivar as vendas. “Não utilizamos aplicativos de entrega já existentes, pois as taxas são altas, não compensa. Por enquanto, atendemos os pedidos apenas por telefone, então um aplicativo independente auxiliaria bastante”, conta. Demarchi também explica que precisou suspender o contrato de trabalho com os garçons, mas segue com expectativas de continuar as entregas mesmo após a pandemia, visto que o estabelecimento passou a atender 23 bairros com o novo modelo.
Em Santo André não tem sido diferente. Após a paralisação, a Rosa’s Churrascaria, no bairro Silveira, também precisou sair da zona de conforto e inovar com a opção de entregas. Michele Romano, especialista em RH do estabelecimento, explica que, apesar da opção não compensar as vendas presenciais, a demanda tem sido intensa, especialmente de domingo. “O que mais saem são os pratos executivos, então temos investido ainda mais neles. Temos adesão em um raio de 6 km nas entregas em dias úteis e 4 km de final de semana”, afirma.
Entrega grátis
Em relação ao diferencial do restaurante, Michele diz que a entrega grátis é uma forma de cooperar com os clientes e atrair mais público. “Decidimos não cobrar entrega, pois entendemos que o momento é difícil para todos’, aponta. A casa, que trabalha com três motoboys pelo aplicativo iFood, retirada no balcão e pedidos por telefone, não teve ajuste nos preços, que seguem os mesmos, apesar da queda no lucro. Para evitar a demissão, funcionários que trabalhavam com serviços presenciais, como garçons, tiveram as férias antecipadas.
Em meio à crise mundial, o Restaurante Capassi, situado no bairro Batistini, em São Bernardo, encontrou no momento uma oportunidade de triplicar os lucros. Apesar de precisar diminuir o tíquete médio de R$ 110 para R$ 40, o proprietário Ricardo Capassi conta que as entregas renderam tanto que precisou contratar mais profissionais da cozinha. “Vendemos três vezes mais durante a quarentena. Precisamos nos adaptar e dispensar os garçons para contratar mais profissionais da cozinha para dar conta da demanda”, explica.