Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Cícero Martinha, o momento da economia do país, por conta da pandemia do novo coronavírus é de extrema insegurança em todos os setores e no segmento da metalurgia não é diferente. Segundo o líder sindical, as empresas estão procurando o sindicato para demitir. Ele pregou a união de empresários e sindicatos para cobrar providências do governo para a garantia de um padrão mínimo de vida para os trabalhadores.
Para o sindicalista não apenas os empregados temem pela redução da renda ou a perda do trabalho, mas também os patrões estão receosos. “As empresas estão inseguras, o governo está totalmente perdido do ponto de vista das questões sociais, as propostas são insuficientes e os empresários não são chamados para discutir uma proposta conjunta e uniforme para o enfrentamento da situação. No sindicato não é diferente, lidamos com os trabalhadores que moram, em sua maioria, na periferia das cidades onde a gente vê que a cada dia vão aumentando os riscos, principalmente onde falta água, uma higienização, onde nem todos tem condições de comprar álcool gel. São locais em que o Estado tem que ter uma ação rápida e isso a gente não está vendo, apenas ações isoladas. As autoridades estão muito distantes da realidade do povo”, analisa.
Sobre as demissões, Martinha disse que elas já começaram. “As empresas já começaram a procurar o sindicato para demitir. Ontem (terça-feira – 14/4) tivemos uma empresa, a Federal Mogul, antiga TRW de Santo André, que nos informou que tem ordem da matriz para demitir. Lá tem por volta de 400 trabalhadores e a empresa quer demitir um terço. Eu tenho dito que o sindicato não tem que aceitar as demissões, temos que sair e ir para a porta da fábrica, com os devidos cuidados, e enfrentar as demissões, não podemos aceitar de cabeça baixa, porque se abre uma porta, daqui a pouco está todo mundo demitindo”, declara.
Até para fazer greve, neste momento de pandemia são necessários cuidados, mas Martinha diz que há outras formas de mobilização dos trabalhadores que são fortes. “Podemos reunir a Federação dos Metalúrgicos, a nossa central Força Sindical, mandar ofícios para a matriz da empresa mostrando que a falta de responsabilidade desta empresa que produziu muitos anos aqui na região, que ganhou dinheiro, que acumulou lucros às custas dos trabalhadores passa a demitir e, num momento de crise como essa, quer jogar os trabalhadores na miséria”, explica o presidente do sindicado que contabiliza também outras empresas menores que sinalizam intenção de demitir.
Além daquelas que querem demitir, há outras empresas da área de atuação do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, que definiram pela antecipação de férias e redução de salários, durante a crise. “Pelo menos estão mantendo os empregos, mesmo que os trabalhadores paguem uma parte, ao menos se garante uma condição de vida, todo munto faz a sua parcela de sacrifício. Se a empresa não tem condições de manter os trabalhadores junta com o movimento sindical que vamos cobrar do governo”, sugere.
Martinha finaliza a entrevista dizendo que as empresas que demitirem em plena crise da saúde, passado o isolamento e as medidas restritivas serão tradadas de forma diferente pelo sindicato dos trabalhadores. “Terão um tratamento diferente daquelas que tem compromisso social e respeito com o sindicato”, conclui.
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