
O enfermeiro Idalgo Moura, de 45 anos, que trabalhou para as prefeituras de São Caetano e Santo André, mas que há pouco mais de um ano trabalhava no Hospital Municipal do Tatuapé, na Capital, morreu nas primeiras horas da madrugada desta quarta-feira (01/04), na unidade de saúde onde atuava. Solteiro e sem filhos, Moura trabalhava como enfermeiro no Estado havia 15 anos. Seu corpo foi sepultado no início da tarde, no Cemitério Memorial Jardim Santo André. Não houve velório e a urna funerária estava lacrada, sobre ela apenas uma foto.
“Esse é o dia mais triste da minha vida. Meu irmão sofreu, se dedicou a ajudar os outros, e foi enterrado sem nem um diagnóstico”, disse o irmão de Idalgo Agnelo Moura. Durante o sepultamento, o familiar fez apelo para as famílias ficarem em casa. “Está morrendo muita gente que não está na estatística. Acho que, o que acontece em São Paulo, é um descaso com a saúde, as pessoas não têm noção do que está acontecendo. Eu vim da Paraíba para cuidar do meu irmão e apenas eu no aeroporto estava usando máscara e álcool em gel, eu parecia um extraterrestre”, comentou.
Agnelo disse que o irmão trabalhou até o último dia 21/03, quando foi internado, no dia seguinte foi para a UTI (unidade de terapia intensiva) e chegou a ser medicado com a Cloroquina. “Meu irmão ficou dois dias com diarreia, febre e falta de ar. No local onde trabalhava morreram 30 pessoas em dois dias e elas não estavam na estatística. Meu irmão gostava do que fazia e nos últimos dias ele estava muito feliz, chegou a dizer para minha mãe que estava trabalhando mesmo doente”, comentou.
Outra enfermeira com suspeita de infecção pela Covid-19 e que trabalhava no mesmo hospital morreu no domingo. Os dois casos se somam às outras 199 mortes suspeitas da doença. De acordo com o atestado de óbito, a causa da morte foi “Insuficiência Respiratória, bronco-pneumonia e suspeita de Covid-19”.