O setor da construção civil segue trabalhando, não com 100% de seus funcionários, mas com as obras que já aconteciam antes da pandemia do novo coronavírus. Em entrevista ao RDtv, nessa sexta-feira (27), o presidente da Acigabc (Associação das Construtoras, Incorporadoras e Administradoras do Grande ABC), Milton Bigucci Júnior, afirmou que a próxima semana será decisiva para a economia, principalmente levando em conta as próximas medidas no entorno da quarentena.
A princípio a quarentena imposta pelo Governo do Estado termina no dia 7 de abril, mas ainda não há uma medida oficial de sua prorrogação, principalmente levando em conta que o pico da nova enfermidade ocorrerá na metade do próximo mês. Mas para Bigucci, o formato em que tal situação será colocada e a ajuda do Governo Federal serão determinantes economicamente.
“É o governo que tem que ajudar, mas não se o governo vai ter tanto dinheiro para ajudar, pois o impacto é muito grande. A nossa expectativa é que se a quarentena não encerrar, mas voltar gradativamente for encerrada nos próximos 15 dias e aí terminar a quarentena em junho seria menos impactante, mas volto a dizer, não sou especialista em saúde, não sei se isso resolveria ou agravaria o problema. Se a quarentena ficar até junho podemos dizer que acabou o ano de 2020 e se bobear, 2021, economicamente falando”, explicou.
Os setores administrativos e de marketing das incorporadoras seguem realizando o seu trabalho em home office, enquanto isso os trabalhadores nas obras seguem com as construções. Segundo Bigucci, 90% das obras segue, porém, com menos pessoas e seguindo todas as normas de higiene e segurança colocadas pelas autoridades em vigilância sanitária.
Porém, as vendas pararam, pois raras são as visitas nos ambientes decorados. A principal aposta é na visita on-line, algo que já era visto como um bom negócio por algumas construtoras como a M. Bigucci, mesmo assim ainda não há um convencimento de compra para este momento.
A crise do covid-19, segundo Bigucci, acabou freando o bom momento de retomada do setor da construção civil, principalmente após o bom fim de ano em 2019 e o bom início de 2020 com a redução na taxa de jurus que fez com que as vendas voltassem a crescer e também outros investimentos como as locações.
Para Milton Bigucci Junior, as medidas anunciadas pelo Governo Federal para ajudar no pagamento de salário dos funcionários de empresas com faturamento entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões pelos próximos dois meses (investimento de R$ 40 bilhões) ajudará muito o setor.
“Esse apoio do governo é fundamental, pois o principal problema é a folha de pagamento, então é uma excelente medida. Impacta diretamente no nosso setor, sim, porque a grande parte dos nossos funcionários são o que estão nas obras que ganham de dois a três salários (mínimos)”, completou.
Na próxima semana todas as associações ligadas ao setor das imobiliárias e construtoras vão publicar uma carta de intenção com uma série de medidas que podem servir para evitar uma “quebradeira geral” por causa do aumento da crise econômica devido a nova enfermidade.