A maioria dos desempregados que procuram pelos serviços públicos de recolocação não consegue voltar ao mercado de trabalho. Em 2019, entre os mais de 180 mil candidatos que recorreram aos equipamentos do governo para cadastrar currículos e ter informações sobre vagas, o percentual dos que conseguem trabalho por meio destes bolsões é muito baixo. Em Santo André, onde o índice é melhor, o número de quem conseguiu trabalho é inferior a 3%.
Para Lucas Nogueira, diretor de recursos humanos da Robert Half, empresa de recrutamento e seleção com escritório em São Bernardo, o baixo percentual se deve à quantidade e à diversidade de vagas que são publicadas. “Esses serviços são importantes e devem continuar, porém a diversidade de vagas e o não direcionamento só deixam mais evidente o apagão de mão-de-obra qualificada que vivemos”, analisa o executivo da empresa, onde o índice de recolocação passa de 50%, por conta da divulgação das vagas em locais onde estão os profissionais.
Santo André teve 29.736 inscritos no ano passado, destes 4.537 candidatos para 1.556 vagas, quase metade foi preenchida por meio do CPETR (Centro Público de Emprego, Trabalho e Renda). A Prefeitura também destaca a formação de micro e pequenos empresários. Na avaliação do secretário de Desenvolvimento e Geração de Emprego, Evandro Banzato, os serviços são imprescindíveis para o desenvolvimento do município. “A qualificação, o apoio e a concessão de crédito ao micro e pequeno empreendedor são fundamentais para a geração de emprego e renda”, diz.
A CTR (Central de Trabalho e Renda) de São Bernardo teve 119.697 pessoas inscritas no ano passado. O serviço conseguiu recolocar 2.715 moradores no mercado de trabalho. Segundo a prefeitura, a média de sete contratações diárias é a melhor dos últimos cinco anos. Para 2020, a Prefeitura programou quatro feiras de empregos: duas delas para pessoas com deficiência, uma para o público de 16 a 22 anos e outra para candidatos com mais de 45 anos. “Fizemos um verdadeiro pente-fino nas empresas parceiras para mapear as vagas disponíveis e, assim, apresentar as vantagens da CTR que, além de uma agência de empregos, também disponibiliza estrutura para entrevistas, dinâmicas de grupo e todo o processo necessário para seleção de novos funcionários”, destaca o prefeito Orlando Morando.
Em São Caetano, 10.950 pessoas procuraram o serviço da Prefeitura para buscar emprego. A cidade disponibilizou 2.537 vagas no ano passado, mas apenas 220 vagas foram preenchidas.
Diadema não tem agência. A CTR (Central de Trabalho e Renda) fechou em 2016 e a Administração mantém apenas um cadastro de vagas para os desempregados e empresas encaminharem informações. “Em 2019, divulgamos 351 vagas de empresas, que foram divulgadas na imprensa regional e nas redes sociais da Prefeitura. O atendimento em busca de vaga no ano passado teve a procura de 2.286 pessoas, sendo 20 com deficiência. O número candidatos que conseguiram colocação por meio do atendimento é desconhecido, em razão da falta de devolutiva das empresas. Para se candidatar às vagas anunciadas, o interessado deve mandar o CV para vagas@diadema.sp.gov.br”.
O PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador) de Ribeirão Pires captou 733 vagas de emprego para 20.236 moradores que procuraram atendimento no local. A Prefeitura não informa quantos conseguiram vaga por meio do posto. Rio Grande da Serra e Mauá não informaram.
Veja como se destacar na seleção
Ter qualificação e estar disposto a assumir diferentes funções são a chave para ter vantagem nos processos seletivos. Para Lucas Nogueira, diretor de Recursos Humanos da Robert Half, entre as vagas que exigem maior qualificação o índice de desemprego é menor.
“O índice de desemprego geral é 11,5%, mas se olhar somente a população qualificada, com 25 anos de formação superior completa, o desemprego cai para 5,6%. As vagas com menos qualificação têm também uma divulgação não tão assertiva”, diz o especialista em relação aos bancos públicos de vagas. Segundo o diretor, o ABC tem mudado o perfil das oportunidades, com mais opções na área de serviços do que indústria. “A indústria continua forte, mas os serviços, logística e meio ambiente têm aparecido mais”, afirma.
Segundo Nogueira, a melhor forma de se destacar no exército de desempregados é buscar contatos tidos nos últimos empregos. “Buscar o próprio network é uma chance maior de conseguir recolocação”, diz. Outra dica é estar disponível a atuar em áreas correlatas. “As relações de trabalho mudaram, então é importante citar em uma entrevista que está aberto, que entende o mercado e que por isso está disposto a atuar em outros segmentos”, ensina.
Marcar entrevista e desmarcar ou não ser claro nas habilidades sepulta a possibilidade de conquistar novo emprego. “Ser organizado e se planejar para entrevista é muito importante. Quanto às habilidades, mais do que falar do que já fez, o importante é mostrar cases de sucesso em que atuou”, afirma. Uma segunda língua também é sempre desejável.